"Gostaria de ser papa", diz Trump ao ser questionado sobre a escolha do novo pontífice
Presidente americano também citou cardeal americano Timothy Dolan
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse, em entrevista na terça-feira (29), que “gostaria de ser papa”. A brincadeira foi feita ao ser questionado por jornalistas sobre qual cardeal ele gostaria de ver como pontífice. “Esssa seria minha primeira opção”, comentou, referindo-se a ele mesmo.
Mas, ao responder com mais seriedade à pergunta, o líder americano disse que não tem preferência, mas citou um cardeal americano.
“Devo dizer que temos um cardeal que por acaso é de um lugar chamado Nova York e que é muito bom, então veremos o que acontece”, finalizou.
O cardeal ao qual Trump se referiu é Timothy Dolan, arcebispo de Nova York. Os Estados Unidos têm 10 cardeais eleitores que participarão do conclave, a partir do dia 7 de maio.
O país é, portanto, o segundo país com mais representantes na votação, atrás apenas da Itália, que tem 17 cardeais para votar.
Sobre o conclave
Na quarta-feira da próxima semana (7), os cardeais participarão de uma missa solene na Basílica de São Pedro, após a qual aqueles com direito a voto - os que têm menos de 80 anos - se reunirão na Capela Sistina para uma votação secreta que pode durar vários dias, o chamado conclave.
O conclave, que tem séculos de história, mas só começou a ganhar o formato atual e a isenção de interferências externas ao longo do século 20, acontece na Capela Sistina, a portas fechadas. É da chaminé dela que saem a fumaça preta, quando ainda não houver a escolha de um novo papa, e a branca, quando um novo pontífice for definido.
O período de escolha, quando um papa morre ou renuncia, é chamado de Sé Vacante. Enquanto não há um novo papa, o Colegiado de Cardeais e o camerlengo comandam a Igreja e as questões administrativas do Vaticano.
Paralelamente, os cardeais são convocados para as reuniões pré-conclave, que definem as datas e todos os detalhes do processo. Giovanni Battista Re, atual decano do Colegiado de Cardeais, preside as reuniões.
Uma vez que o processo esteja alinhado, os cardeais se preparam para entrar em isolamento total do mundo exterior. O acesso a telefones, internet, TV, jornais e demais meios de informação não é permitido após o início do conclave. Eles se hospedam na Casa de Santa Martha, que, assim como a Capela Sistina, fica trancada.
Na manhã do início, o colegiado se reúne na Basílica de São Pedro para a missa solene "Pro eligiendo Pontifice". De lá, vão em procissão para a Capela Sistina entoando a oração "Litania sanctorum" (a Ladainha de Todos os Santos), seguida pelo "Veni, Creator Spiritus", pedindo a intervenção do Espírito Santo e de todos os santos, enquanto assumem seus lugares diante da obra "Juízo Final", de Michelangelo, que fica no altar da capela.
Os cardeais fazem um juramento de segredo — passível de excomunhão em caso de quebra — válido durante e após o conclave, jurando também não apoiar interferências no processo.
Dois terços dos votos
Feito o juramento, o condutor da cerimônia dá a ordem "Extra omnes" ("todos para fora") e aqueles que não fazem parte do conclave deixam a capela. Cabe a um cardeal ler sobre as qualidades necessárias e os desafios do novo papa. Permanecem nos arredores apenas funcionários de segurança, mestres de cerimônia e outros oficiais essenciais para a logística do rito.
O processo pode ter até 120 cardeais votantes e elegíveis — atualmente, a Igreja tem 252 cardeais, sendo 133 com direito a voto - uma vez que, por questões de doença, dois não poderão participar. Aqueles com mais de 80 anos não votam.
Para ser escolhido o novo papa, é necessário conquistar dois terços dos votos válidos. Caso não haja consenso no primeiro dia, o conclave vai para um segundo dia, com mais quatro processos de votação: dois pela manhã e dois pela tarde. Se não houver um nome escolhido no terceiro dia, dá-se uma pausa de um dia para orações e o processo de quatro votações é repetido na sequência.
Cada um dos cardeais eleitores escreve sua escolha em um papel com os dizeres: "Eligo in summen pontificem" (elejo o Sumo Pontífice). Eles se aproximam do altar, um a um, e dizem: "Convoco como minha testemunha Cristo, o Senhor, que será o meu juiz, de que meu voto é dado àquele que, diante de Deus, eu acredito que deva ser eleito."
Nove cardeais são sorteados para funções específicas: três para compor a mesa de votação, três para recolher votos (quando necessário) e outros três para supervisionar a mesa.
Para contar os votos, as cédulas são perfuradas na palavra "eligo" com uma agulha e uma linha, formando uma espécie de cordão, e são queimadas com substâncias químicas específicas. É aí que são produzidas as fumaças — preta ou branca.
Eleito, o novo Papa é perguntado se aceita o cargo e escolhe sua nomenclatura ainda durante o conclave. Ele então é apresentado na Praça São Pedro sob o anúncio “Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam” (Com grande alegria, anuncio que temos um Papa), encerrando o processo formal.