Novo esporte da moda pode aumentar risco de doenças pulmonares, diz novo estudo
Cientistas pedem que as academias melhorem a ventilação e que novos produtos sejam usados na confecção dos acessórios dessa atividade
Cientistas alertam que escaladores indoor podem estar enchendo os pulmões com poluentes que podem causar doenças, como alguns tipos de câncer. O grande vilão neste caso são as solas de borracha dos calçados usados por alpinistas que liberam uma série de substâncias químicas tóxicas no ar.
Esses produtos químicos têm sido associados à inflamação pulmonar, danos a órgãos, doenças respiratórias e até mesmo a alguns tipos de câncer. Cientistas da Universidade de Viena descobriram que o nível dessas substâncias no ar era semelhante ao registrado em algumas das cidades mais poluídas da Terra.
Agora, eles pedem que as academias melhorem a ventilação e que os designers de calçados de escalada mudem os materiais usados para ajudar a proteger os escaladores e a equipe das academias.
"Os alpinistas limpam a pedra para ter mais aderência, e ela é lançada para o ar", disse a coautora do estudo, a cientista ambiental Anya Sherman.
Para chegar ao resultado, os especialistas coletaram amostras de ar de cinco academias de escalada em Viena e quatro da França, Espanha e Suíça, por meio de um impinger — equipamento científico que age como um conjunto artificial de pulmões humanos que permite aos cientistas medirem a exposição a poluentes.
As medidas revelaram que os níveis de produtos químicos da borracha no ar eram semelhantes aos registrados em estradas movimentadas nas principais cidades da China.
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“Os níveis que medimos estão entre os mais altos já documentados no mundo, comparáveis a estradas com várias faixas em megacidades”, afirmou o coautor do estudo Thilo Hofmann.
Segundo o professor, as solas dos calçados de escalada usam muitos dos mesmos aditivos químicos usados nos pneus de carro para melhorar sua aderência e durabilidade.
Um deles, chamado 6PPD-quinona, demonstrou desencadear inflamação e cicatrização nos pulmões, além de danos generalizados aos órgãos em estudos com animais.
Outra substância encontrada nos testes foi o benzotiazol, que foi associado a um risco maior de câncer de bexiga entre trabalhadores de fábrica.
Os cientistas afirmam que as implicações para a saúde de pessoas que respiram grandes quantidades dessas substâncias ao longo do tempo são desconhecidas e que é necessário realizar mais pesquisas sobre o assunto.