Papa Leão XIV tem afilhada no Peru que leva o nome de sua mãe: '"Sempre foi um padrinho presente"
Em 1997, Robert Prevost se tornou o padrinho de Mildred Camacho por causa de sua amizade com o pai da menina, Héctor Camacho
A história de Mildred Camacho Dioses, de 29 anos, é um dos muitos laços afetivos que ligam o novo Papa Leão XIV ao Peru — país onde foi missionário por mais de uma década, atuando nas regiões andinas e amazônicas, e do qual se tornou cidadão em 2015. Agora, esse vínculo ganha novo significado com a eleição de um pontífice que, mesmo nascido nos Estados Unidos, carrega em sua trajetória marcas da América Latina.
Mildred vive em Chulucanas, no Norte do Peru, e guarda uma ligação especial com o agostiniano que acaba de se tornar o novo líder da Igreja Católica. Para ela, Robert Prevost, sempre foi simplesmente “meu padrinho”. O vínculo nasceu em 1997, quando Prevost, então missionário norte-americano no Peru, aceitou ser padrinho de batismo de Mildred.
O convite veio do pai da menina, Héctor Camacho, amigo próximo do religioso. Foi o próprio Prevost quem sugeriu batizar a menina com o nome de sua própria mãe, Mildred Martínez. Em entrevista ao Canal N, a peruana relatou com emoção o impacto da notícia da eleição do padrinho ao papado.
— Estou muito feliz pelo cargo que Robert Prevost assumiu... Ele é uma pessoa excelente e ainda não consigo assimilar que agora é o Papa. Isso me enche de emoção — disse Mildred, que também revelou que a última conversa com ele aconteceu poucas semanas antes de sua partida definitiva para o Vaticano.
Prevost foi ordenado sacerdote em 1982 e, três anos depois, foi enviado em sua primeira missão para Chulucanas, em Piura. Em 1988, chegou a Trujillo para dirigir o projeto de formação comum para os aspirantes agostinianos nos vicariatos de Chulucanas, Iquitos e Apurímac. O novo Papa ocupou vários cargos em Trujillo até 1999, quando foi eleito Prior Provincial da Província Mãe do Bom Conselho, em sua cidade natal, Chicago.
A cerimônia de batismo de Mildred aconteceu na Paróquia São José Operário, em Chulucanas, pouco tempo depois de Héctor Camacho retornar de uma temporada em Trujillo. O vínculo entre o clérigo e a família nunca se perdeu: mesmo após mudar-se para Roma, Prevost manteve contato constante.
— Ele sempre foi um padrinho presente. Me mandava cartas quando trabalhava no Vaticano, na capela em que servia com o Papa João Paulo II. Sempre nos mandava felicitações nos aniversários e costumava dar alguns presentes — contou Mildred.
Com o passar dos anos, a relação se estendeu à nova geração. Em uma de suas visitas ao Peru, já como bispo, Prevost conheceu os filhos de Mildred, abençoou a casa onde vivem e mandou lembranças aos avós dela, que também eram amigos antigos.
Em 2014, o Papa Francisco o nomeou administrador apostólico da Diocese de Chiclayo. A partir desse cargo, e como sinal de seu compromisso com o país, ele anunciou que se tornaria um cidadão peruano.
Em 2015, ele cumpriu sua promessa e obteve seu Documento Nacional de Identidade (DNI), conforme confirmado na última quarta-feira pela porta-voz do Registro Nacional de Identificação e Estado Civil (Reniec), Rubí Rivas, à estação de rádio RPP. Como peruano, Prevost foi consagrado como bispo da cidade no mesmo ano.
Sua administração foi notável pela proximidade que manteve com os fiéis e pela promoção de projetos inovadores. Em 2023, Prevost foi ordenado cardeal pelo Papa Francisco e nomeado prefeito do Dicastério para os Bispos, um dos órgãos mais influentes do Vaticano.