ACORDO

Entenda em 5 pontos o acordo entre EUA e China que traz uma trégua à guerra comercial

Acerto inclui redução de tarifas, mas pacotes de baixo valor importados pelos EUA de gigantes como Temu e Shein ficam de fora

Bandeiras dos EUA e da China - reprodução

Estados Unidos e China divulgaram nesta segunda-feira um acordo para reduzir as tensões iniciadas a partir do início do governo de Donald Trump, que culminou em uma escalada tarifária a partir de 2 de abril. Ambos os lados concordaram em reduzir, até 14 de maio, tarifas impostas aos produtos um do outro, levando a um salto nas Bolsas americanas no pré-mercado e valorização do dólar.

Pequim reduzirá os tributos sobre produtos dos EUA de 125% para 10% por 90 dias, enquanto Washington vai diminuir as tarifas de 145% para 30%. Há também medidas não tarifárias: Veja abaixo os principais pontos do acordo.

Redução e remoção de tarifas
As tarifas impostas pelos EUA a produtos chineses antes de 2 de abril, que Trump chamou de Dia da Libertação, permanecem. Trump havia taxado os itens vindos da China em 10% em fevereiro e mais 10% um mês depois.

Os EUA vão reduzir as tarifas anunciadas em 2 de abril de 34% para 10% por um período de 90 dias.

As tarifas impostas durante a escalada tarifária (após 2 de abril), fase em que EUA e China retaliaram um ao outro sucessivamente, serão removidas por completo.

Com isso, a tarifa de importação sobre produtos chineses ficará em 30%. Hoje, elas somam 145%.

Tarifas específicas por setor, como veículos elétricos, aço, alumínio, continuam em vigor.

Duas tarifas relacionadas ao fentanil, impostas em fevereiro e março de 2025, permanecem .

A China vai remover a maioria das tarifas retaliatórias impostas desde 2 de abril, mantendo apenas uma taxa 10% sobre bens americanos.

Pacotes de baixo valor ficam de fora
A isenção para encomendas internacionais de até US$ 800 (os "minimis") da China, que foi suspensa pelo governo Trump em 2 de maio, permanece. Ou seja, produtos importados de sites chineses como Temu e Shein ficaram de fora do acordo China-EUA.

Em 2 de maio, os EUA passam a taxar importações de itens com valor de até US$ 800 (cerca de R$ 4.540) em 90%.

O Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP, na sigla em inglês) processava quase 4 milhões de remessas isentas de impostos por dia antes da mudança na regra. Pesquisas indicam que a maioria dessas remessas vinha da China e de Hong Kong.

Medidas não tarifárias
A China afirmou que vai suspender ou cancelar suas "contramedidas não tarifárias" impostas aos EUA no mês passado, embora ainda não esteja claro como algumas dessas medidas serão revertidas.

É possível que essa parte do acordo se refira à inclusão, feita pela China em 4 de abril, de sete minerais conhecidos como terras raras na sua lista de controle de exportações uma medida amplamente vista como resposta às tarifas cada vez mais punitivas impostas pelo governo Trump.

Esses minerais são importantes para produção de chips e outros produtos tecnológicos, e indústrias americanas já relatavam a falta destes suprimentos.

Restrições a empresas americanas
Como parte de sua retaliação em abril, a China também abriu uma investigação antidumping sobre a atuação da empresa química DuPont na China

A redação do acordo anunciado nesta segunda-feira sugere que essas empresas serão removidas da lista, que proibia comércio e investimento com a China, e que a investigação antidumping será arquivada.

No entanto, não há menção no acordo à inclusão de uma dúzia de empresas americanas que haviam sido colocadas na lista em março. Tampouco é mencionada a investigação antidumping contra o Google, anunciada em fevereiro.

Consulta econômica
O acordo não é definitivo. Trata-se de um recuo parcial, não uma reversão completa das tarifas. Por isso, EUA e China estabeleceram um mecanismo de consulta econômica e comercial que permitirá a continuidade das negociações entre as partes.

Os mercados reagiram positivamente à redução das tarifas, com as ações chinesas ampliando os ganhos principais índices apagaram as perdas causadas pelas tarifas enquanto o dólar subiu ao maior nível em um mês frente ao euro e ao iene.

Os futuros dos índices americanos também despontam no pré-mercado.