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Fã paga mais de 12 mil dólares em experiência VIP em show de Gene Simmons, do Kiss

Dwayne Rosado deu ingresso VIP de presente de aniversário ao filho de 20 anos e, após passar uma noite no show com o ídolo, garante que a experiência valeu cada centavo

Gene Simmons, fundador do Kiss - Fernando Yokota

Há alguns anos, o Financial Times elegeu os músicos do Kiss como "os maiores capitalistas do rock". Pelas contas do jornal, a banda fundada em 1973 havia licenciado cerca de 5 mil produtos, incluindo preservativos e estojos com a marca da banda.

O "lance do Kiss", disse certa vez Gene Simmons, o impetuoso vocalista e baixista fundador da banda, "se tornou um monstro enorme, apesar dos críticos dizerem que fazer jogos, caça-níqueis e campos de golfe não gera credibilidade. Os críticos ainda moram no porão da casa das mães deles. Nós somos donos do mundo".

O Kiss encerrou sua suposta turnê de despedida, "End of the Road", no Madison Square Garden em dezembro de 2023, mas não sem antes apresentar avatares digitais projetados para fazer shows e, em teoria, gerar lucro para sempre.

(Os membros atuais da banda tocarão juntos em novembro, como parte da comemoração do 50º aniversário do fã-clube Kiss Army, em Las Vegas.)

E no início deste mês, Simmons iniciou uma turnê solo com sua Gene Simmons Band. Aos 75 anos, ele ainda consegue incomodar os críticos.

A cada parada, Simmons oferece a um fã a experiência de "Assistente Pessoal e Roadie da Banda por um Dia".

Em sue site, o roqueiro promete que o roadie e um convidado ajudarão na preparação do show, participarão da passagem de som, farão uma refeição com Simmons, serão apresentados no palco e receberão um baixo autografado.

As experiências VIP se tornaram padrão no pop, mas ainda assim o preço desse pacote chamou a atenção — US$ 12.495 (ingressos para o show não incluídos).

"Roqueiro 'ganancioso' do Kiss, avaliado em US$ 400 milhões, é criticado por cobrar uma quantia absurda de fãs para serem seus assistentes", disse uma manchete do "Daily Mail".

Mas nem todo mundo acha que a ideia é loucura. "É nisso que eu escolho gastar meu dinheiro", disse Dwayne Rosado, um agente penal de 52 anos, de Middletown, Nova York.

Ele e seu filho de fala mansa, Zach, um aluno do sétimo ano de 1,80 m que curte MMA, videogames e guitarra elétrica, foram os roadies do show recente de Simmons no teatro do Count Basie Center for the Arts, com capacidade para 1.500 pessoas, em Red Bank, Nova Jersey.

Na tarde do show, pai e filho — ambos vestindo as camisetas oficiais da equipe de turnê da Gene Simmons Band, que lhes foram fornecidas — esperaram na área de embarque do teatro pela chegada do astro do rock.

Rosado comprou a experiência como presente de aniversário para Zach, que recentemente completou 13 anos e compartilha o amor do pai pelo Kiss, mas também foi um presente para si mesmo.

Rosado revelou que, há um ano e meio, havia sido diagnosticado com esclerose múltipla. "Só se vive uma vez, e eu quero experimentar a vida", disse ele. "Não vou morrer com muito dinheiro. Vou morrer feliz."

Pouco tempo depois, Simmons apareceu em uma SUV preta, usando óculos escuros e um conjunto de couro preto: calça, colete e luvas.

Houve um toque de punhos e algumas conversas informais. "Só não toque na minha bunda", disse Simmons enquanto aproximava os Rosados para fotos.

Dentro do teatro, a passagem de som já estava em andamento. A banda atual de Simmons é formada por três veteranos do hard rock relativamente jovens.

Zach pegou a guitarra para tocar uma composição original intitulada "Dad's a Dork", com acompanhamento do baterista Brian Tichy. Então Rosado assumiu a bateria, iniciando a abertura de "I Love It Loud", do Kiss.

"Sabe, não foi ruim", disse Simmons. "Não foi bom, mas..." Todos riram.

Simmons e seus novos assistentes foram até um lounge de teto baixo no porão para jantar em um restaurante italiano local. Rosado comentou que ele e o filho assistiram a uma entrevista na qual Simmons — um infame sedutor — contou ter perdido a virgindade aos 13 ou 14 anos com uma mulher casada que entregava jornais.

"Ela me pediu para sentar no sofá", disse Simmons. “E a próxima coisa que eu soube foi que...” Ele fez uma pausa e pediu para Zach tapar os ouvidos (ele obedeceu) antes de terminar a história.

A conversa voltou-se para o alto custo da experiência de ser roadie por um dia. Simmons descartou os haters. "É o livre mercado, há oferta e procura", argumentou.

"As pessoas querem fazer, você faz. Você compra um Rolls porque quer um Rolls, mas um Volkswagen também te leva lá."

Pelas duas horas seguintes, os Rosados tiveram toda a atenção de Simmons, embora ele nem sempre tivesse a de Zach.

O adolescente não pareceu particularmente interessado na explicação do roqueiro sobre o funcionamento de uma sociedade de responsabilidade limitada.

Simmons respondeu corajosamente a todas as perguntas sobre a vida e a música, ocasionalmente acrescentando algum recurso visual em seu celular — incluindo uma foto sua com o Dalai Lama e um retrato de sua falecida mãe, uma sobrevivente do Holocausto.

Quando o assunto da aposentadoria surgiu, Simmons se tornou filosófico. "A vida é uma corrida ou uma jornada", disse ele.

"Não importa quem você seja, quando vê a linha de chegada à sua frente, o que você faz? Diminui o ritmo e senta na sua cadeira de balanço, ou acelera e corre o máximo que puder antes da linha de chegada?" Ele acrescentou:

"Estou mais perto da linha de chegada agora do que antes. Por que diminuiria o ritmo, principalmente se tudo está funcionando?"

"Eu tenho dinheiro — para alguns padrões, muito dinheiro?", continuou Simmons. "Claro. E o quê? Você rola nele? Sim, posso fazer isso uma ou duas vezes. Somos animais sociais, e dar uma festa é um dos melhores momentos que você pode passar na Terra. Mas se você for o único na festa, fica muito triste. Então, nos divertimos muito naquele palco."

Na sequência, eles assistiram a uma palestra de segurança com AJ Fratto, o "MacGyver" careca e corpulento de Simmons e "embaixador da boa vontade".

Ele comentou cenários graves (o que fazer se surgir uma atirador) e cotidianos (cuidado com os telegramas). Sua lição de despedida: "O importante é etiqueta, etiqueta, etiqueta, etiqueta, etiqueta."

Então, para o show, uma mistura de músicas do Kiss e covers (Van Halen, Motörhead, Thin Lizzy, Led Zeppelin, Beatles), frequentemente pontuada pelas brincadeiras de palco de Simmons.

O mais perto que os roadies do dia chegaram de trabalhar foi quando Zach levou para Simmons um copo vermelho, um acessório em uma cena do show.

Mais tarde, Simmons chamou pai e filho ao palco. "Zach, o que você acha do papai?", perguntou Simmons. "O melhor pai de todos os tempos!" gritou Zach, inclinando-se para o microfone.

A multidão aplaudiu e vibrou. Rosado, com um grande sorriso no rosto, ergueu os braços para o alto e abraçou o filho.

Simmons respondeu com uma imitação do próprio filho ("Pai, eu te amo. Me dá 20 dólares?") antes de ficar pensativo:

"Meu pai não estava lá quando eu era criança, então, vou te dizer, significa muito para mim ver um bom pai que fica com a família e garante que seus filhos sejam criados corretamente."

O show encerrou com uma versão empolgante de "Rock and Roll All Nite", do Kiss. Depois, Simmons conversou com os Rosados em um pequeno camarim.

"Para mim a coisa mais memorável desta noite foi ver um filho expressar publicamente seu amor pelo pai", disse. "Isso você não compra no supermercado."

"Foi estranho, porque eu tinha uma multidão na minha frente e tudo o que eu queria fazer era abraçá-lo", lembrou Rosado. "Eu não me importava com mais nada que estivesse acontecendo."

No final, valeu os US$ 12 mil? "Com certeza", disse Rosado.

"Você se esqueceu dos US$ 500", interrompeu Simmons.

"US$ 12.495, para ser exato", disse Rosado. "Nada supera esta noite. Está consolidado no Kisstory agora, porque estará no YouTube e tudo mais. Então, poderei olhar para trás e ver aquele momento para sempre."