Partido Novo aciona Justiça contra a nomeação de Waguinho nos portos do Rio
Sigla alega que indicação fere a Lei das Estatais, por ele ter presidido o Republicanos no estado
O Partido Novo entrou com uma Ação Popular para contestar a nomeação iminente do ex-prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, mais conhecido como Waguinho, para o cargo de diretor-presidente da PortosRio.
Como o Globo noticiou, Waguinho recebeu um convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para administrar a estatal responsável pelos portos públicos federais do estado, mas a nomeação vem sendo alvo de críticas.
Segundo o Novo, a nomeação fere a Lei das Estatais, que proíbe a indicação de ex-dirigentes partidários a cargos em empresas públicas antes de uma quarentena de 36 meses. O ex-prefeito presidiu, até a semana passada, a direção estadual do Republicanos no Rio.
“A Lei das Estatais foi criada para proteger as empresas públicas da interferência político-partidária e assegurar critérios técnicos nas nomeações. Já temos a ação pronta e estamos apenas aguardando a formalização da nomeação para ingressarmos imediatamente com o pedido de suspensão judicial. Nosso compromisso é com a legalidade, a boa governança e o respeito ao interesse público”, disse Eduardo Ribeiro, presidente do partido Novo.
Esse mesmo argumento foi usado por uma entidade do setor para contestar a nomeação: a Associação Brasileira de Usuários de Portos, de Transportes e Logística.
A articuladores políticos, Waguinho tem adotado um tom de tranquilidade. Ele tem alegado que nunca assumiu de forma definitiva o comando do Republicanos no estado, mas apenas de forma provisória, colocando em dúvida o real impedimento legal.
A articulação para sua nomeação teria partido do próprio presidente Lula, com aval do ministro Silvio Costa Filho e do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta.
A indicação é vista como um gesto de reconhecimento a um dos principais aliados do presidente na Baixada Fluminense — região onde Lula enfrentou forte resistência eleitoral em 2022 e busca ampliar seu apoio visando as eleições de 2026.
A expectativa é que Waguinho contribua com a reestruturação do Porto do Rio, projeto defendido pelo governo como um cartão-postal da gestão federal no estado.
Waguinho, que é filiado ao Republicanos, tem laços estreitos com o núcleo evangélico e atuou de forma ativa para ampliar a base de apoio de Lula no estado do Rio de Janeiro. O ex-prefeito é marido da ex-ministra do Turismo Daniela Carneiro, que foi exonerada do cargo em 2023 após o rompimento de Waguinho com o União Brasil.
Apesar do respaldo direto de Lula, a nomeação iminente de Waguinho gerou desconforto entre integrantes do PT. A principal crítica recai sobre a proximidade do ex-prefeito com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, figura central no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.