Venezuela suspende voos da Colômbia após ministro denunciar chegada de 'mercenários' para eleições
Segundo a Agência Venezuelana de Notícias, Diosdado Cabello denunciou supostos planos de extremistas de direita para realizar ataques contra embaixadas, delegacias e hospitais
O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, anunciou nesta segunda-feira a suspensão dos voos da Colômbia, depois de denunciar a chegada de “mercenários” colombianos com a intenção de "sabotar" as eleições parlamentares e regionais, que serão realizadas no próximo domingo.
— Demos instruções para suspender imediatamente todos os voos da Colômbia para a Venezuela — disse Cabello em uma coletiva de imprensa, onde também anunciou a prisão de 38 pessoas, 17 delas estrangeiras. Segundo ele, a suspensão entra em vigor “imediatamente”.
De acordo com a Agência Venezuelana de Notícias (AVN), o ministro denunciou supostos planos de extremistas de direita para realizar ataques com explosivos contra embaixadas, delegacias e hospitais no país.
Para Cabello, esses planos, classificados por ele como "terroristas", fazem parte de uma conspiração de extrema direita com o objetivo de desestabilizar o país antes das eleições.
O ministro vinculou os "mercenários" à líder da oposição María Corina Machado, que pediu que seu partido não participasse das eleições depois de denunciar fraude na reeleição do presidente Nicolás Maduro.
Eleição regional na Venezuela
A oposição venezuelana enfrenta uma divisão política com o lançamento da Rede Decide (Defesa Cidadã da Democracia), um movimento que propõe a participação nas eleições regionais e parlamentares marcadas para 25 de maio. A nova iniciativa, liderada pelo ex-candidato à presidência Henrique Capriles, se opõe a principal coalizão do país, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), que pede um boicote após denunciar a fraude na reeleição do presidente Nicolás Maduro.
A Rede Decide, apesar de concordar com o setor liderado por María Corina Machado e o exilado Edmundo González Urrutia que acusa Maduro de fraude no pleito do ano passado, defende a "persistência" na via democrática.
— Não temos outro caminho — afirmou Capriles durante coletiva de imprensa, na qual pediu “persistência” na via democrática. — Às vezes é preciso se levantar e dizer a verdade, mesmo que a verdade vá contra a corrente: não é popular ir votar, hoje a participação não é popular, porque ninguém neste país esqueceu o que aconteceu em 28 de julho.
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A PUD classifica o novo processo eleitoral como “injusto e falho” e afirma que ele “agrava e aprofunda” a crise política na Venezuela. Em comunicado, a coalizão ratificou seu apelo ao boicote.
Enquanto isso, o partido governista, por sua vez, já anunciou seus candidatos, todos com o aval de Nicolás Maduro.