CÂMARA DOS DEPUTADOS

Motta recorre no STF e pede que novas regras que preveem mudanças sobre deputados fiquem para 2026

Presidente da Câmara quer evitar troca de sete parlamentares considerados eleitos em 2022

Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados - Marina Ramos/Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados recorreu contra mais uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira, desta vez pedindo que sejam preservados os mandatos de sete deputados federais e que as novas regras de “sobras eleitorais” passem a valer a partir de 2026.

O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), justificou que retirar os mandatos “viola a estabilidade do ordenamento jurídico e abre precedente perigoso de instabilidade institucional”. Ele ainda argumenta que a determinação do STF pode causar insegurança jurídica do sistema eleitoral.

A Advocacia da Câmara dos Deputados afirmou em pedido à Corte que a decisão original do STF, coerente com o entendimento da Câmara, fixava que a nova interpretação sobre o tema só teria validada a partir das eleições de 2024.

No entanto, novos posicionamentos da Corte, já sob a composição de 2024, levaram a efeitos com impacto direto na atual composição da Casa.

“A decisão já havia transitado em julgado na ADI 7325, que tratava exatamente da mesma matéria e fixava a aplicação das novas regras somente a partir de 2024. A revisão dessa decisão, sem qualquer mudança fática ou normativa relevante, viola a estabilidade do ordenamento jurídico e abre precedente perigoso de instabilidade institucional”, afirma o documento.

A Câmara ainda argumenta que o artigo 16 da Constituição Federal exige que alterações nas regras eleitorais respeitem o prazo mínimo de um ano antes do pleito. Como a nova interpretação foi firmada em abril de 2023, sua aplicação a partir das eleições de 2024 seria a única viável.

“A tentativa de aplicar a decisão retroativamente, por meio de embargos, desrespeita essa cláusula constitucional e compromete a previsibilidade do processo democrático”, diz o pedido da Câmara.

Em março, a maioria dos ministros do STF decidiu anular a eleição de sete deputados federais eleitos em 2022.

Entenda o caso
No ano passado, o STF considerou inconstitucional uma mudança feita em 2021 nas regras das "sobras eleitorais". Entretanto, decidiu que esse entendimento não deveria ser aplicado na eleição de 2022, o que teria como consequência a alteração de parte dos deputados que foram eleitos.

Em março deste ano, contudo, os ministros acolheram um recurso que pedia para que esse entendimento fosse aplicado nas eleições de 2022. A maioria dos ministros votou pelo acolhimento dos recursos e a consequente perda do mandato dos deputados.