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Jornal britânico The Telegraph é vendido a fundo de investimento americano RedBird por US$ 670 mi

Diário conservador foi fundado há 170 anos

Dólares - Marcello Casal jr/Agência Brasil

O The Daily Telegraph, tradicional jornal britânico há muito tempo considerado próximo do Partido Conservador do país, está prestes a mudar de dono — de novo.

A RedBird Capital Partners, uma firma de investimento americana, disse nesta sexta-feira que chegou a um acordo preliminar para comprar o controle da empresa à qual o jornal pertence, a Telegraph Media Group, avaliada em 500 milhões de libras, ou cerca de 675 milhões de dólares (aproximadamente R$3,85 bi).

O acordo desta sexta-feira marca a reviravolta mais recente em um drama de aquisição de longa data envolvendo o The Telegraph, que, durante boa parte de seus 170 anos de história, foi considerado uma espécie de órgão oficial do Partido Conservador britânico.

A RedBird já havia comprado o controle do jornal por meio de uma joint venture com a International Media Investments, um fundo controlado por um membro da família real de Abu Dhabi. Segundo esse plano, o jornal seria supervisionado por Jeff Zucker, ex-presidente da CNN.

No entanto, esse acordo foi bloqueado em 2023 após protestos no Parlamento sobre a propriedade de ativos da mídia britânica por estados estrangeiros. No ano passado, o governo liderado pelos conservadores aprovou uma lei proibindo investidores estatais estrangeiros de possuírem jornais britânicos.

A joint venture, conhecida como RedBird IMI, manteve o controle do The Telegraph enquanto buscava outras ofertas.

Após o colapso do plano da RedBird IMI, outros magnatas da mídia teriam considerado propostas para o jornal. O mais determinado foi Dovid Efune, britânico de nascimento e proprietário do The New York Sun, embora ele tenha enfrentado dificuldades para garantir financiamento antes de um prazo no final do ano passado.

A The Spectator, uma revista influente que fazia parte do mesmo grupo controlador do The Telegraph, foi vendida por 100 milhões de libras no ano passado para Paul Marshall, um magnata britânico de fundos hedge com interesses na mídia que incluem o canal de TV direitista GB News.

Como parte do acordo de sexta-feira para o The Telegraph, a RedBird comprará a maior parte das participações de seu parceiro emiradense, embora se espere que a IMI mantenha uma pequena participação, dependendo de uma mudança na lei de propriedade estrangeira.

Na semana passada, o atual governo, liderado pelo Partido Trabalhista, anunciou que relaxaria essa restrição, permitindo que entidades estatais estrangeiras detenham participações de até 15% em jornais. O governo citou a importância de atrair investimentos para a mídia jornalística. Isso abriu caminho para a oferta revisada da RedBird, uma vez que a IMI é um investidor minoritário no consórcio.

A RedBird disse que está em negociações para atrair investidores britânicos como acionistas minoritários “com experiência em mídia impressa e forte compromisso com a preservação dos valores editoriais do The Telegraph.”

Com 11 anos de existência, a RedBird é uma investidora conhecida no setor de mídia, com participações no estúdio de cinema Skydance Media; no Fenway Sports Group, proprietário do time de beisebol Boston Red Sox e dos times de futebol Liverpool e Milan; e na rede regional de esportes do New York Yankees.

A firma de investimento disse que planeja expandir a presença internacional do The Telegraph, “particularmente nos Estados Unidos”, assim como suas operações digitais.

“Acreditamos que o Reino Unido é um ótimo lugar para investir, e essa aquisição é uma parte importante do portfólio crescente da RedBird de empresas de mídia