SAÚDE

Por que algumas pessoas não falam em grupos de WhatsApp? Especialista aponta possíveis causas

Ficar em silêncio nos chats em grupo nem sempre significa desinteresse ou má educação

WhatsApp - Pixabay

Com o avanço da tecnologia e das múltiplas redes sociais que existem e são usadas diariamente, as pessoas estão cada vez mais conectadas virtualmente. Inclusive, a quantidade de mensagens que se pode receber em um único dia pode surpreender muita gente.

Nos grupos de WhatsApp — o aplicativo de mensagens instantâneas mais utilizado do mundo —, as conversas podem ser intermináveis e as mensagens facilmente ignoradas. Tanto é que o app permitirá, com a ajuda da Meta AI, resumir conversas não lidas. Mas o que acontece quando uma pessoa simplesmente nunca responde nos grupos?

A psicóloga Rebeca Cáceres explicou o que está por trás desse comportamento e como lidar com ele com inteligência emocional.

 

Em entrevista ao jornal espanhol Semana, a especialista afirmou que “não existe uma forma ‘correta’ de se comportar nos grupos de WhatsApp”. O fato é que a postura adotada nos chats em grupo não segue uma única regra, pois depende de diversos fatores como a personalidade, as responsabilidades de cada um e o tempo disponível, entre outros.

— Isso é como a própria vida: depende de um monte de fatores e não podemos patologizar nem buscar traços de personalidade com base nesse comportamento específico, seja ele de responder ou não — explicou.

A falta de resposta não deve ser interpretada como algo pessoal. Cáceres afirmou que é importante não superinterpretar o silêncio dos outros.

— Às vezes, pode ser apenas uma preferência, um gosto ou uma necessidade de silêncio, nada mais — disse.

Sobre o que acontece nas redes sociais, ela comentou:

— O mundo digital também reflete nossa diversidade como pessoas. Acredito que normalizar isso, sem superinterpretar cada gesto, também é uma forma de preservar a saúde mental Trata-se de “uma forma de respeito por si mesmo, agir em coerência com os próprios valores, gostos e formas de estar no mundo — explica.

Escolher não responder pode ser, de acordo com Cáceres, uma forma legítima de autocuidado.

— Há pessoas que não se sentem à vontade para se expressar em espaços digitais. Em muitos casos, optar por não responder por obrigação ou simplesmente por não se sentir bem nesse ambiente é uma maneira de impor um limite saudável — justificou.

Esse limite não apenas protege quem o estabelece, como também pode preservar o vínculo e trazer clareza para os outros.

Um ponto fundamental a considerar, segundo a psicóloga, é como a ausência de resposta afeta emocionalmente cada pessoa. O primeiro passo é entender que, se alguém não responde em um grupo de WhatsApp, isso não é um ataque pessoal nem um sinal de desprezo.

— É uma decisão própria e legítima, que deveríamos respeitar sem buscar interpretações extras — afirmou. E acrescentou: — Não responder em um grupo não significa ‘não gosta de mim’, ‘está me rejeitando’ ou ‘está me ignorando’. Isso é o que você sente, não o que o outro está expressando.

Por fim, Rebeca Cáceres sugeriu iniciar uma conversa privada com a pessoa que não interage no grupo.

— A comunicação íntima não se constrói esperando respostas em público, e sim criando espaços em que se possa conversar de forma clara, honesta e individual — concluiu.

Outro conselho da psicóloga: o autoconhecimento
Cáceres, que também é diretora da Tribeca Psicólogos e professora da Universidade Internacional de Valência, na Espanha, afirmou que o autoconhecimento é uma das ferramentas mais poderosas e importantes para o cuidado da saúde mental.

— Quando você se conhece, tem um mapa melhor de como lidar com o mundo interno e externo — garantiu.