Cantor Oruam sai em defesa de MC Poze do Rodo, preso em ação da Polícia Civil
Cantor foi encontrado pelos agentes em casa, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, e levado algemado para a delegacia
O artista Oruam, de 23 anos, saiu em defesa do MC Poze do Rodo, que foi preso nesta quinta-feira por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). O MC foi levado de casa, no Recreio dos Bandeirantes, para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, na Zona Norte, onde chegou às 7h. Ele não falou com a imprensa. Oruam usou as redes sociais para manifestar indignação contra a prisão do amigo.
Em um vídeo, ele disse: "O estado gosta de envergonhar nós. Algemaram o Poze e nem precisa disso. O cara é exemplo para várias pessoas. Todo mundo sabe que isso aí é uma mentira. Ele é cantor. Ele canta em baile de favela, mas não é envolvido com facção nenhuma, não. Isso é a maior covardia. Eles gostam de envergonhar nós".
Segundo a corporação, Marlon Brandon Coelho Couto Silva, o MC Poze do Rodo, é investigado por apologia ao crime e por envolvimento com o tráfico de drogas. Um dos casos citados é do baile funk na Cidade de Deus, dois dias antes da morte de um policial da Core durante uma operação. Um dos casos citados é do baile funk na Cidade de Deus, dois dias antes da morte de um policial da Core durante uma operação.
O advogado de MC Poze do Rodo, Fernando Henrique Cardoso, informou que a prisão do cantor é temporária e que ele deve ser transferido ainda nesta quinta-feira para o presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio.
De acordo com as investigações, o MC realiza shows exclusivamente em áreas dominadas pelo Comando Vermelho (CV). Nessas apresentações, cita a polícia, há a presença ostensiva de traficantes armados com armas de grosso calibre, como fuzis, garantindo a "segurança" do artista e do evento.
Segundo a defesa, policiais civis da DRE cumpriram mandado de busca e apreensão na residência do funkeiro para recolher joias — muitas delas com símbolos que fariam referência a traficantes ligados à facção criminosa Comando Vermelho — além de celulares, eletrônicos, documentos e possíveis armas de fogo. No entanto, de acordo com o advogado, nenhuma arma foi encontrada na casa.
O repertório das músicas apresentadas por MC Poze também foi analisado, o qual a polícia diz fazer "clara apologia ao tráfico de drogas, ao uso ilegal de armas de fogo e incita confrontos armados entre facções rivais, o que frequentemente resulta em vítimas inocentes".
"A Polícia Civil reforça que as letras extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas", afirma nota da secretaria.
Vivi Noronha, esposa do cantor, chegou à Cidade da Polícia, cerca de uma hora após o marido, acompanhada de seguranças, mas não concedeu entrevistas. De acordo com a polícia, ela não é alvo da operação.
Operação
A operação tem como base o cumprimento de mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. Segundo as investigações, há evidências de que os shows realizados por MC Poze são financiados pelo Comando Vermelho, "contribuindo para o fortalecimento financeiro da facção por meio do aumento do consumo de drogas nas comunidades onde os eventos são realizados".
De acordo com a polícia, esses eventos são "estrategicamente utilizados pela facção para aumentar seus lucros com a venda de entorpecentes". Com esses recursos, o grupo criminoso poderia adquirir, entre outros, armas de fogo e equipamentos. As investigações continuam para identificar outros envolvidos.