Filme "As duas Irenes" retrata o difícil aprendizado de crescer
Filme nacional, que entra em cartaz nesta quinta-feira (13), fala sobre o amadurecimento de uma menina de 13 anos
É delicado o drama que move o enredo de "As duas Irenes", primeiro longa-metragem do cineasta goianiense Fabio Meira. O filme, que estreia nesta quinta-feira (14) nos cinemas São Luiz (Boa Vista) e do Museu (Casa Forte), foi exibido na seleção oficial do Festival de Berlim e premiado no Festival de Gramado deste ano (vencendo nas categorias júri da crítica, roteiro, direção de arte e ator coadjuvante). O enredo fala sobre o processo de amadurecimento e transição da protagonista, uma adolescente que cresce e percebe as nuances da vida adulta.
O filme conta a história de Irene (Priscila Bittencourt), 13 anos, irmã do meio de Solange (Maju Souza) e Cora (Ana Reston). Solange vai completar 15 anos e ganha atenção e mimo dos pais, Tonico (Marco Ricca) e Mirinha (Susana Ribeiro). Irene parece não se encaixar entre a mãe, dona de casa dedicada aos cuidados e à beleza, e o pai, ausente e de modos embrutecidos. Um dia, ela investiga o pai em uma de suas viagens e descobre que ele tem outra mulher, Neuza (Inês Peixoto), e outra filha, também chamada Irene (Isabela Torres), de mesma idade.
O ponto fundamental do filme parece ser a maneira gradual como a percepção da jovem sobre o que se esconde nos sentimentos de seus pais evolui. A descoberta de que na vida adulta há mentiras e uma existência de segredos e crueldades promove uma revolução na cabeça de Irene. As implicações disso permanecem nas fronteiras das imagens, dando mais complexidade sentimental ao filme.
Leia também:
Diretor de "As duas Irenes" se inspirou em história familiar
Conheça novos olhares e talentos do cinema pernambucano
É notável não apenas o que permanece fora do quadro, o trabalho de construção conceitual de Fabio no sentido de sugerir emoções em ebulição, como também a interpretação das atrizes Priscila e Isabela como as duas "Irenes". A maneira como elas repassam o choque diante da constatação de grandes mentiras é sutil e surge diante do espectador através de poucos gestos e expressões potentes.
Diretor
Antes do primeiro longa, Fabio Meira assinou nove curtas-metragens - entre eles o documentário "Hoje tem alegria" (2010) e as ficções "Aramis" (2006), "Atlântico" (2008) e "Novembro" (2013). Fabio também assinou o roteiro de "De menor" (2013) com Caru Alves de Souza.
Cotação: bom