Taiwan impõe restrições à Huawei e SMIC e dificulta acesso da China a tecnologia de chips
Empresas entram na lista de controle de exportações, que obriga companhias de Taiwan a obter aval do governo antes de qualquer envio de tecnologia
Taiwan incluiu a Huawei e a SMIC em sua lista de restrições à exportação, impondo mais um duro golpe às duas empresas que lideram os esforços da China para desenvolver chips avançados de inteligência artificial.
A Administração de Comércio Internacional de Taiwan adicionou a Huawei, a SMIC e várias de suas subsidiárias na atualização da chamada "lista de entidades de commodities estratégicas de alta tecnologia", segundo documento mais recente publicado no site do órgão no sábado. A administração confirmou que as mudanças foram feitas recentemente, após reportagem da Bloomberg.
“No dia 10 de junho, adicionamos cerca de 601 entidades da Rússia, Paquistão, Irã, Mianmar e da China continental, incluindo Huawei e SMIC, à lista de entidades, para combater a proliferação de armas e atender outras preocupações de segurança nacional”, disse a administração em comunicado no domingo.
Pelas regras em vigor, empresas de Taiwan precisarão de aprovação do governo da ilha antes de exportar qualquer item para entidades que estejam nessa lista.
Em 2023, a Bloomberg News revelou que várias empresas taiwanesas estavam ajudando a Huawei a construir, discretamente, uma rede de fábricas de chips no sul da China.
As novas restrições impostas por Taipei devem, ao menos parcialmente, cortar o acesso da Huawei e da SMIC a tecnologias, materiais e equipamentos de construção de fábricas essenciais para a fabricação de chips de inteligência artificial — como os produzidos pela Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSMC) para empresas como a Nvidia.
No caso da Huawei, várias unidades no exterior — incluindo no Japão, Rússia e Alemanha — também foram incluídas na atualização da lista de entidades de Taiwan. Tanto a Huawei quanto a SMIC, além de algumas de suas subsidiárias, também estão na lista de entidades dos Estados Unidos, o que já limita significativamente sua capacidade de adquirir tecnologia estrangeira.
Huawei e SMIC não responderam imediatamente aos pedidos de comentário feitos fora do horário comercial.
Embora Taiwan há anos já imponha proibições amplas sobre o envio de equipamentos críticos para fabricação de chips — como máquinas de litografia — para a China, até então não havia incluído as principais empresas de tecnologia ou fabricantes chineses em sua lista de entidades. A TSMC, fornecedora de chips para Apple e Nvidia, cortou o fornecimento para a Huawei em 2020, em razão dos controles de exportação dos EUA.
Em 2023, Huawei e SMIC surpreenderam autoridades americanas ao lançar um chip avançado de 7 nanômetros fabricado na China. Embora enfrentem dificuldades para aprimorar suas tecnologias devido a uma série de restrições, ambas ainda são a maior esperança da China para tentar suprir a escassez de chips de inteligência artificial, agravada pela falta dos semicondutores mais avançados da Nvidia.
As tensões entre Taiwan e China também aumentaram este ano, depois que o presidente taiwanês Lai Ching-te classificou, pela primeira vez, a China como uma “força hostil estrangeira” e anunciou uma série de medidas para combater tentativas de infiltração.
A China reivindica Taiwan, uma democracia autônoma, como parte de seu território e já declarou que pretende reunificar a ilha, usando a força se necessário.