Vítima de queda de avião na Índia havia perdido o pai duas semanas antes

Com 242 pessoas a bordo, desastre foi o mais grave da aviação mundial em dez anos

Parte traseira de um avião da Air India após cair em uma área residencial perto do aeroporto em Ahmedabad - AFP

Duas semanas depois de enterrar o pai, Lawrence Christian, de 30 anos, morreu em um acidente aéreo ao deixar a Índia, quando voltava para Londres a bordo do Boeing 787-8 Dreamliner da Air India, que caiu segundos após a decolagem.

A tragédia familiar comoveu moradores de Ahmedabad, cidade no oeste do país, onde a mãe e a irmã de Lawrence agora se preparam para sepultar mais um ente querido.

O indiano trabalhava no Reino Unido e havia voltado para casa após a morte do pai, em maio, por complicações cardíacas.

Com 242 pessoas a bordo, o desastre foi o mais grave da aviação mundial em dez anos. Apenas um passageiro sobreviveu. No solo, cerca de 30 pessoas também morreram. A despedida aconteceu por videochamada, já dentro do avião.

"Quando ele entrou no avião, ele me viu por uma chamada de vídeo e se despediu", contou Ravina Christian, entre lágrimas, em entrevista à Reuters, ao lado da filha Rinal. "A última coisa que ele disse foi que iria desligar o telefone e que me ligaria depois de pousar."

Lawrence era o único provedor da família desde a morte do pai. Com a notícia da queda do avião, parentes e vizinhos passaram a se reunir na casa dos Christian, em busca de consolo e informações.

"Ficamos só nós três. Perdemos nossa força, nosso orgulho, a luz da nossa casa", disse a avó, Salvina, sem conter a emoção.

A identificação dos corpos tem sido feita por meio de exames de DNA e registros odontológicos no principal hospital público de Ahmedabad. A família ainda aguarda a liberação dos restos mortais.

Do lado de fora do hospital, outras famílias também vivem dias de angústia. Imitaz Ali Sayed busca por quatro parentes desaparecidos: o irmão, a cunhada e dois sobrinhos, de seis e quatro anos. Eles estavam no voo após uma viagem para celebrar o Eid (que marca o fim do Ramadã) com a mãe.

"Ainda tenho esperança. Tudo é possível. É o Todo-Poderoso quem decide se alguém vive ou morre", afirmou ele, cercado por outros parentes do lado de fora do hospital.