Abin Paralela levantou informações de bispos críticos a Bolsonaro, diz PF
Ação ocorreu após religiosos assinarem manifesto com críticas ao ex-presidente
A investigação da Polícia Federal (PF) sobre uma estrutura paralela montada dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) revelou que o grupo levantou informações sobre 152 bispos que assinaram um manifesto com críticas ao então presidente Jair Bolsonaro, em 2020.
De acordo com mensagens apreendidas pela PF, o levantamento teria sido solicitado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O pedido foi para a elaboração de um perfil de cada um.
"O emprego de recursos humanos, tecnológicos e financeiros da agência se deu em razão de manifesto da Igreja Católica assinado por 152 (cento e cinquenta e dois) Bispos", diz o relatório final da investigação sobre a Abin Paralela, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O inquérito teve início após o Globo revelar, em março de 2023, a compra de um sistema espião pela agência para monitorar a localização de alvos pré-determinados em todo o país.
A carta dos bispos, divulgada em julho de 2020, afirmou que país passava por um dos períodos mais difíceis de sua história causado por uma crise de saúde, um "colapso econômico" e uma "tensão sobre os fundamentos da República" que, segundo o texto, era provocado em grande medida por Bolsonaro.
"O sistema do atual governo não coloca no centro a pessoa humana e o bem de todos, mas a defesa intransigente dos interesses de uma 'economia que mata', centrada no mercado e no lucro a qualquer preço", afirma o documento.