São João

Ceasa-PE aposta em e-commerce e estrutura reforçada para ampliar operação do milho no São João

Com a mão do milho vendida a até R$ 60, operação 24h chega ao quinto dia com vendas concentradas na madrugada e expectativa de ultrapassar as 11 milhões de espigas de 2024

Operação de milho no Ceasa chaga ao quinto dia de vendas - Arthur Mota / Folha de Pernambuco

A operação do Plantão do Milho no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE) chega ao quinto dia nesta quinta-feira (19), com alta movimentação nas madrugadas e a expectativa de superar as 11 milhões de espigas vendidas em 2024. A ação especial, que teve início em 14 de junho e segue até o dia 24, espera alcançar o pico de vendas entre os dias 20 e 23, com a chegada de mais consumidores e o reforço no abastecimento.

"Estamos otimistas. A expectativa é que ultrapassemos os números de 2024, mesmo com a estiagem que afetou algumas regiões produtoras. A operação 24 horas tem funcionado bem, com maior fluxo nas madrugadas e boa aceitação da estrutura reformada do Pátio do Milho", afirmou o presidente da Ceasa-PE e da Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento (Abracen), Bruno Rodrigues.

Com cerca de 40 caminhões de milho chegando diariamente, o entreposto vive seu período mais movimentado do ano. O horário de maior pico é da meia-noite às 6h da manhã, quando comerciantes e compradores aproveitam o menor calor e o maior volume de carga disponível.

"Entre meia-noite e vinte horas, o parque funciona com fluxo constante. Fechamos por quatro horas à noite apenas para limpeza e reabertura do espaço, o que mantém a organização", detalhou Bruno.
 

Ceasa+
Entre os principais fatores que contribuem para o bom desempenho do Ceasa está a consolidação do Ceasa+, plataforma digital lançada no ano passado e pioneira entre as centrais públicas do país. Voltada para compras por pessoa jurídica, o sistema permite que bares, hotéis e restaurantes realizem pedidos online e recebam as mercadorias já embaladas, com nota fiscal.

A iniciativa tem contribuído para reduzir o fluxo de veículos no pátio e gerar novas oportunidades de venda para os permissionários.

"O Ceasa+ ajudou a impulsionar as vendas, porque criamos mais um canal de escoamento da produção. Isso também melhora a mobilidade aqui dentro, porque tiramos muitos carros que vinham buscar mercadoria para empresas. Com isso, o espaço fica mais acessível para os consumidores pessoa física, que fazem compras menores, mas essenciais neste período", destacou o presidente.

De acordo com Rodrigues, a plataforma opera por meio de leilão reverso: o pedido de um cliente é enviado a vários permissionários cadastrados, e o sistema escolhe automaticamente o menor preço. 

"Muitas vezes o dono de restaurante consegue comprar mais barato assim do que vindo presencialmente. E ainda recebe tudo com nota, já separado, sem devolução e com controle sanitário."

Atualmente, o entreposto tem mais de 1.350 empresas ativas, e a plataforma conta com cerca de 100 comerciantes cadastrados, atendendo redes como Camarada Camarão, Ilha da Kosta e Coco Bambu. 

"Tem restaurante que antes mandava caminhonete duas vezes por semana, de madrugada, com comprador e motorista. Agora, pede pela plataforma e recebe tudo no dia seguinte, embalado. Ou manda só buscar no galpão. É praticamente um drive-thru", explicou.

Estrutura
A estrutura física do Pátio do Milho também passou por melhorias, com requalificação da drenagem e cobertura reforçada, permitindo a continuidade das vendas mesmo durante os dias de chuva como os registrados nesta quinta-feira. 

"O objetivo é oferecer conforto e segurança para quem compra e vende. Com essas barracas novas, mesmo em dias de chuva intensa, o comércio não para", ressaltou Rodrigues. 

Ele também explicou que a drenagem foi projetada para suportar grandes volumes de água e evitar alagamentos. "Foi um investimento importante para manter a operação mesmo nas piores condições climáticas".

Além disso, a segurança foi reforçada com o uso de drones para monitoramento em tempo real do movimento no entreposto. "A tecnologia permite uma visão completa da circulação, facilitando o controle do trânsito, a organização do fluxo e a resposta rápida a qualquer eventualidade", enfatizou o presidente.

Preços 
O preço da mão de milho tem variado entre R$ 45 e R$ 60, dependendo da qualidade do produto, do ponto de maturação e da barraca. Comerciantes relatam que o milho mais graúdo e maduro tem sido vendido a até R$ 60, enquanto o transgênico ou de menor calibre sai por valores mais baixos.

"Esse ano a saída está mais devagar, porque o milho está mais caro. No ano passado a gente vendia a R$ 40, R$ 50. Agora, a gente já compra no roçado por R$ 50, e ainda tem custo com transporte, saco, trabalhador. Aí sobe mesmo", explicou o comerciante Hernandes da Silva, que atua no Ceasa há 11 anos.  

Apesar da lentidão nas vendas, ele aposta na reação do movimento nos dias que antecedem o São João. "Vai sair muito de última hora, como sempre."

Além disso, o comerciante ressaltou que muitos consumidores preferem fazer suas compras à noite, aproveitando o menor fluxo e a estrutura de funcionamento contínuo. "A partir de meia-noite é que começa a ficar mais ligeiro", comentou. 

O vendedor Itamar Crobes dos Santos, que começou as vendas nesta quinta-feira, também fixou o preço da mão a R$ 60 e disse ter boa expectativas para os próximos dias. 
"O preço tem ficado mais ou menos nesse valor em todas as barracas. Têm muita gente para comprar, vai ficar a critério do consumidor. Todo mundo deve vender bem", projetou. 

Para ele, a nova estrutura do Ceasa ajuda a manter o comércio mesmo sob chuva. "Está tudo ótimo. A cobertura nova protege bem. E chuva e família são sempre bem-vindas. Quem vem comprar, vem mesmo."

Consumidores 
Do lado de quem compra, os relatos são de atenção redobrada aos preços e planejamento. A aposentada Márcia Monteiro, 65 anos, que veio de Paulista, comprou três mãos de milho para preparar comidas típicas como canjica e pamonha, que serão vendidas em uma festa no fim de semana. 

"Pesquiso antes. Já vi mão de milho a R$ 55, R$ 60. Compro o maduro para cozinhar e o verde para o restante. Aqui tem tudo: milho, mandioca, pé de moleque. Mesmo com trânsito, vale mais a pena do que mercado", afirmou.

Já o professor Arclenes Braga, 43 anos, ainda estava pesquisando preços. 

"É o segundo quiosque que passo. Faço feira aqui sempre porque o preço compensa. Vou levar agora para o São João e talvez para o São Pedro também. Aqui encontro milho, frutas, verduras tudo mais barato."