Segurança em trilhas e montanhas: sete práticas recomendadas para diminuir riscos e se prevenir
Obter informação sobre o local e avaliar condições climáticas e de condicionamento necessário podem auxiliar o praticante, segundo especialistas
O acidente com a brasileira Juliana Marins, de 26 anos, que caiu no Monte Rinjani, na Indonésia, e morreu após dias de espera por resgate, acendeu um debate sobre a prática de montanhismo e o turismo geológico no Brasil e no mundo. Embora a prática seja arriscada, membros de associações e federações especializadas explicam uma série de recomendações e normas às quais guias, empresas e administrações locais devem ter para garantir a segurança de quem realiza este tipo de atividade.
Há pouco mais de três anos, o Serviço Geológico do Brasil começou a elaborar um sistema de gestão de riscos geológicos para os parques naturais e geoparques, que mapeia onde pode haver desprendimento de terra, escorregamentos, queda de bloco, terremotos e outros eventos. O arquipélago de Fernando de Noronha foi o primeiro do país a receber um mapa de risco geológico. Abrolhos, na Bahia, o Pico da Neblina, no norte do Amazonas, e a Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, também deverão receber em breve.
Ainda não há previsão de implementar o instrumento no estado do Rio. Apenas áreas urbanas como na Região Serrana, por exemplo, tem um mapeamento de risco feito pelo Departamento de Recursos Minerais do Estado (DRM).
No município do Rio, cerca de 10 clubes de montanhismo integram a federação estadual, e a confederação nacional, que, por sua vez, faz parte da União Internacional de Associações de Alpinismo. Todas as organizações fazem uma série de recomendações e orientam sobre a prática com segurança e responsabilidade. Veja abaixo.
1) Buscar informação
A primeira coisa a fazer ao planejar uma atividade de montanhismo ou de aventura é obter informações sobre o lugar e a prática que vai fazer. A pesquisa pode ser nas redes sociais, nos sites de empresas de passeios, em fóruns de mochileiros e montanhistas, ou junto aos clubes e federações.
– Estudar as condições climáticas, se chove muito, se faz calor extremo, o nível de dificuldade da trilha ou da via de escalada, se tem trechos técnicos, a duração, o quanto de comida e água é preciso, e o condicionamento físico necessário. Isso vai guiar até sobre o que levar, o que vestir e como se preparar fisicamente – orienta Osvaldo Esterquile Júnior, consultor em sistema de gestão da segurança no turismo de aventura para o Sebrae e associações de Turismo de Aventura.
2) Autoavaliação
Escolha uma atividade de acordo com seu preparo físico e saúde. Se tiver dúvidas, pergunte ao guia e seja sincero sobre suas condições. Informe se for sedentário, ativo, se tiver alguma doença crônica ou alguma fobia relacionada à atividade, como medo de altura. A recomendação é começar leve, optando por objetivos abaixo das suas capacidades e, aos poucos, partir para atividades mais longas e desafiadoras.
3) Checar se tem plano em caso de emergências
Os atrativos turísticos dentro ou fora do Brasil devem ter um Sistema de Gestão da Segurança. No caso de um passeio guiado, é importante checar se o guia ou a agência tem algum plano de atendimento em caso de emergências. A empresa também deve informar se há pontos mais perigosos, onde nem a equipe de resgate conseguiria chegar.
4) Verificar regras do país estrangeiro
Cada lugar tem uma legislação específica. Em viagens internacionais, a dica é checar se eles possuem legislações que regem as atividades, se as empresas ou guias têm algum tipo de certificação, se possuem um sistema de gestão de segurança e plano de emergência.
Outra dica do consultor é observar o código do consumidor do país. Se o local não tem regras muito restritivas para vender uma atividade turística, não vai ser obrigado a oferecer informações, guiamento, condutores e exigir manutenções de equipamentos.
5) Equipamentos necessários
Esses variam de acordo com a atividade e o lugar. As roupas precisam ser técnicas, impermeáveis ou térmicas. Para trilhas, é aconselhado ter sempre água, uma lanterna e um casaco corta vento e chuva. Se possível, um kit de primeiros socorros, com remédios que costuma tomar, pomada contra picada de inseto, gaze, esparadrapo, soro fisiológico e uma tesoura.
6) Não barganhar as regras e a segurança
A prática de turismo de aventura e montanhismo são atividades esportivas de risco, mas não sem controle. Tirolesa, bungee jump, trilhas e escaladas têm limitações de peso, idade mínima, condicionamento, condições climáticas e horários mais recomendados para garantir a segurança.
– Acidentes acontecem, fatalidades às quais os praticantes acabam expostos. Mas não é aventura sem nenhum critério. Existe uma série de recomendações e orientações direcionadas à pratica com segurança e responsabilidade, para que o montanhista desenvolva sua autonomia – afirma Letícia Leal, presidente da Federação de Montanhismo do Rio.
7) De olho no tempo
O Corpo de Bombeiros afirma que a previsão meteorológica antes do início da atividade deve ser consultada. Além disso, parentes ou amigos precisam ser avisados sobre o horário de retorno previsto. Os bombeiros também recomendam cuidado na hora de fazer selfies, especialmente em lugares perigosos, como pedras, costões e mirantes.