Projeções do Banco Central indicam inflação acima da meta até final de 2027
Chance de estouro da meta é de 68% em 2025 e 26% em 2026
As projeções oficiais de inflação do Banco Central ficam acima da meta até o fim de 2027, mostra o Relatório de Política Monetária divulgado nesta quinta-feira. A meta é de 3,0%, com limite de tolerância de 1,5% a 4,5%. O BC espera que o IPCA - índice oficial de inflação - feche 2025 em 4,9%, acima do teto, fique em 3,6% no fim de 2026 e 3,2% no encerramento de 2027.
"Nas projeções do cenário de referência, a inflação se mantém acima do limite do intervalo de tolerância nos próximos meses, começando a cair a partir do quarto trimestre, mas ainda permanecendo acima da meta."
As estimativas do cenário de referência do BC levam em conta as projeções para a taxa Selic do Boletim Focus, que apontavam taxa de 14,75% no fim de 2025 e de 12,50% no término de 2026. No entanto, na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa para 15% ao ano.
O Copom indicou que pretende interromper o ciclo de alta na próxima reunião, em julho, de modo a avaliar se o atual nível já é suficiente para garantir a convergência da inflação para a meta, considerando a manutenção por período "bastante prolongado".
Atualmente, o BC mira o final de 2026 para colocar a inflação na meta. Mas o horizonte se move com o tempo. No final deste ano, por exemplo, o foco será a metade de 2027, cuja projeção atual é de 3,4%.
"O Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado", disse, na ata.
No relatório publicado hoje, o BC divulgou a probabilidade de estouro da meta, ou seja, de a inflação ultrapassar o limite superior de 4,5%. Para 2026, essa chance caiu de 28% para 26%. A conta considera as projeções oficiais do BC para a inflação no cenário de referência, que era de 3,7% em março e foi atualizada este mês para 3,6%. Para este ano, o risco também recuou, de 70% para 68%.
O BC destaca que a probabilidade não implica mais em risco de descumprimento da meta, pois, no regime contínuo, isso é caracterizado quando a inflação fica seis meses consecutivos acima do limite de referência, quando considerado o acumulado em 12 meses. Mas, segundo a autoridade monetária, é uma das referências para avaliação dos riscos envolvidos nas projeções.
Nesse sentido, o BC já vem pontuando que a inflação deve romper a meta no primeiro teste do novo regime, considerando o IPCA de junho. Em 12 meses até maio, último dado divulgado, o IPCA está em 5,32%.
"Considerando as projeções mensais, a inflação acumulada em doze meses fica superior ao limite superior do intervalo de tolerância da meta por seis meses consecutivos em junho deste ano. No caso de concretização desse cenário, se caracterizará descumprimento da meta para a inflação e será necessária a publicação das razões desse descumprimento por meio de nota neste Relatório e de carta aberta ao MF (Ministério da Fazenda)."