Tribunal de Jerusalém rejeita pedido de Netanyahu para adiar julgamento em caso de corrupção
Juíza justificou que defesa não conseguiu demonstrar a necessidade de postergar a sessão
O Tribunal Distrital de Jerusalém rejeitou nesta sexta-feira um pedido da defesa do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para uma pausa de duas semanas no julgamento de um dos casos em que o premier é réu por corrupção. A negativa vem um dia depois da apresentação do pedido — que foi feito após uma manifestação pública do presidente americano, Donald Trump, para que Netanyahu recebesse um perdão judicial.
A juíza Rivka Friedman-Feldman argumentou que o pedido apresentado pela defesa de Netanyahu "não apresenta uma fundamentação detalhada ou motivo que possa justificar o cancelamento das audiências de instrução", de acordo com um comunicado emitido pela magistrada, citado pelo jornal israelense Times of Israel. A defesa justificou a necessidade da pausa citando "questões diplomáticas, nacionais e de segurança da mais alta importância".
Netanyahu é réu em três casos envolvendo fraude, quebra de confiança e suborno. Um deles envolve, que também envolve a primeira-dama, Sara, envolve o recebimento de presentes caros de um magnata de Hollywood em troca da atuação do premier junto a autoridades americanas e israelenses para beneficiá-lo. Os outros dois casos envolvem tentativas do líder israelense de garantir uma cobertura positiva em veículos de imprensa, em que ofereceu vantagens indevidas a sócios e acionistas.
Os casos são referentes a mandatos anteriores do primeiro-ministro, mas avançaram para a fase de julgamento apenas no ano passado. Em dezembro, Netanyahu prestou depoimento pela primeira vez perante a corte. Ele negou qualquer irregularidade ou prática ilícita.
Desde a primeira apresentação à justiça, a defesa do primeiro-ministro apresentou uma série de pedidos para encurtar ou cancelar sessões do julgamento. Uma breve retrospectiva feita pelo jornal israelense Haaretz nesta sexta-feira apontou que viagens diplomáticas, telefonemas com chefes de Estado e mesmo ações militares israelenses atrasaram o andamento previsto pelo órgão judicial.
'Caça às bruxas'
Em dezembro, Netanyahu se queixou por estar lidando com o julgamento enquanto dirigia a vida civil do país e as ações militares. Ele classificou o caso como um absurdo. Há anos, o premier se refere às investigações como um processo politicamente motivado — uma alegação que na quinta-feira recebeu um reforço de peso.
O presidente americano, Donald Trump, fez uma publicação nas redes sociais no mesmo dia em que o último pedido de adiamento da defesa foi apresentado, chamando o julgamento de Netanyahu de uma caça às bruxas. Ele enalteceu o líder israelense, a quem chamou de "guerreiro" e destacou seu "amor pela Terra Santa", e fez um apelo para que ele recebesse um perdão judicial ou que o processo fosse cancelado.
"Uma CAÇA ÀS BRUXAS como essa, contra um homem que deu tanto, é impensável para mim. Ele merece muito mais do que isso — e o Estado de Israel também. O julgamento de Bibi Netanyahu deve ser CANCELADO IMEDIATAMENTE, ou deve ser concedido a ele um perdão — como a um Grande Herói, que tanto fez pelo Estado", escreveu Trump.
Em uma publicação no X, Netanyahu agradeceu pelas palavras de apoio do presidente, e transcreveu a mensagem original em hebraico. O texto compartilhado por Netanyahu, contudo, cortou a parte final da publicação de Trump, em que o republicano afirmou que "Foram os Estados Unidos da América que salvaram Israel, e agora serão os Estados Unidos da América que salvarão Bibi Netanyahu".