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Milton Leite volta a dizer que presidirá federação PP-União em SP, mas presidente nega acordo

Federação deve ser formalizada no dia 9 durante convenção, mas comando da junção das siglas na esfera estadual segue indefinida

Ex-vereador Milton Leite presidente o diretório municipal do União Brasil - Reprodução/X

O União Brasil deve realizar uma convenção em 9 de julho para formalizar a federação com o Partido Progressistas (PP), em Brasília, criando o maior grupo partidário do Congresso Nacional. Mas, no estado de São Paulo, ainda restam arestas a serem aparadas sobre o comando da federação no âmbito estadual.

Nesta sexta, o ex-presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União), voltou a dizer que há um “acordo nacional” para ele presidir a federação em São Paulo. O deputado federal Maurício Neves, que preside o diretório do PP no estado, negou a informação.

Leite foi homenageado com o Colar de Honra ao Mérito Legislativo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nesta sexta, em um evento que contou com a presença de deputados estaduais e federais, prefeitos, vereadores da capital e representantes da prefeitura.

Ele não quis disputar nenhum cargo em 2024, mas permanece como presidente do diretório municipal do União Brasil, enquanto seu filho, o deputado federal Alexandre Leite (União-SP), preside o diretório estadual da sigla.

Tanto na tribuna quanto em conversa com jornalistas após o evento, Leite afirmou que vai comandar o diretório estadual da federação, que deve ser oficializada em uma convenção marcada para 9 de julho em Brasília.

Em abril, PP e União já haviam divergido sobre esse cargo após Neves (PP) ter divulgado uma nota anunciando que comandaria a federação em São Paulo.

— Fico na presidência do partido da União-Progressistas, que há um acordo nacional para isso, com o compromisso de elegermos grandes bancadas, tanto no PP quanto no União Brasil, isso aumenta o peso nas minhas costas. A convenção deve ocorrer em 9 de julho agora — falou Leite na tribuna.

Pouco depois, reiterou a informação a jornalistas, dizendo que existe um acordo na esfera nacional dos partidos.

— Sim, vamos manter isso, já está bem esclarecido, está superado isso. Só estadual, por enquanto só o estado quer que tenha, a federação existe para o estado — falou.

Em nota enviada por sua assessoria ao Globo, o deputado Maurício Neves afirmou que recebeu a fala de Leite com “surpresa e estranheza”.

— Esse assunto já foi amplamente superado. Reafirmo que, conforme acordado, a Federação União Progressista em São Paulo não terá um presidente estadual. Em caso de divergências sobre posicionamentos no estado, a decisão final caberá à direção nacional. Minha atuação sempre foi pautada pelo diálogo e pela construção de consensos. Sigo trabalhando com responsabilidade e compromisso para garantir a união, a construção de uma chapa forte e consistente, pensando no melhor para São Paulo e para o Brasil — acrescentou Neves.

O Globo contatou os presidentes nacionais do PP, o senador Ciro Nogueira, e do União, Antônio Rueda, mas não recebeu resposta.

Papel da federação em 2026
Após a homenagem na Alesp, questionado sobre qual será a posição do União nas eleições de 2026 considerando que o PP deve lançar o secretário da Segurança Pública Guilherme Derrite (PP) ao Senado, Leite ex-vereador afirmou que “o cenário está em movimento” e que o partido vai “aguardar uma melhor definição” para saber como se posicionar, e citou que tudo depende se o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) irá tentar a reeleição ou concorrer ao governo federal.

— É um cenário com muitos “se”, o que complica emitir opiniões futuras. O União quer espaço, governar, participar e, se possível, compor com alguns nomes para a chapa majoritária. Nós vamos sempre brigar por isso — disse.

Ele acrescentou que não vê espaço para que o partido apoie, nacionalmente, a reeleição de Lula (PT), ainda que a sigla tenha ministérios no governo petista.

— Honestamente, não. O que eu vejo dentro do arco de aliança que nós estamos fazendo da União Progressista é, claramente, um caminho centro-direita e oposição — falou — Se o Tarcísio for o (candidato a) presidente, dificilmente eu terei condições de não apoiá-lo porque eu tenho um carinho especial com ele e ele comigo. Se ele for candidato à reeleição, aí passa a depender muito de mim e nós, claramente, iremos com ele no caso da reeleição dele, esse quadro é o que está definido. Se for para presidente, a depender de mim, dentro do União-Progressistas, estamos com ele. Mas não sou só eu que defino isso.