O destino eventual fez acontecer o destino turístico
Não quero tratar aqui de uma evidência transformadora que revelou mais um destino turístico. Penso que tenho hoje todos motivos para ser preciso, no uso definido do artigo. Afinal, quero destacar "O" destino turístico. Desde já, necessito antecipá-lo aqui: Gramado, na serra gaúcha.
Quem me conhece sabe da identidade que tenho com o solo e o ar gramadense. Só de presença em festivais de cinema, contabilizo 30 ocasiões. Um enredo que fez mudar minha trajetória de vida. Mas, hoje, tenho outra história por contar. De uma Gramado (e também de uma cidade de Canela) que confesso não conhecia. Pois, então, permita-me o leitor retomar em texto toda uma outra forma de admiração, que reforça uma dose bem particular de paixão. De amor que se estabelece em cada estada.
Bem, que eu diga aqui, de outro jeito, que tal desconhecimento foi resolvido por uma viagem recente de pura motivação turística. Aliás, motivada pela vontade da neta mais velha em voltar à cidade, depois da experiência do Natal Luz e do que viu e ouviu a respeito dos atrativos. Tudo explicado como forma de comemoração de seu aniversário de 7 anos.
Foi nesse ímpeto novo, fora dos compromissos de estar no Festival de Cinema, que me deparei com outras experiências em Gramado. E assim pude perceber que vocação não é tudo, diante do desafio de qualquer destino ser, efetivamente, turístico. Investimentos bem executados, qualidade nos serviços/produtos ofertados e no compromisso com a profissionalização, são indicativos que fazem parte do melhor roteiro, para efeito de um plano de desenvolvimento, que tenha na cadeia do turismo sua locomotiva.
Com quase 30 mil leitos em oferta, a cidade não mais se sustenta apenas pelos eventos do calendário oficial (como primeiro reflexo do turismo de lazer), nem mesmo pelos congressos e feiras profissionais (como reflexo da consolidação do turismo de negócios). Tomou impulso nos últimos anos um segmento mais sólido no campo do entretenimento, no qual a oferta de parques e equipamentos temáticos têm proporcionado uma outra robustez ao mercado turístico. Esse novo perfil está representado por projetos de lazer diversificados e sólidos, compostos por pesados investimentos, muitas vezes constituídos como ativos de fundos de investimentos alinhados com tais mercados.
Enfim, são modelos de complexa engenharia financeira aplicada aos negócios, que passam uma ideia imediata de empreendedorismo, com foco em resultados econômicos. Por outro lado, transparecem como oportunidades típicas de um estágio mais avançado para o turismo de lazer, que gera condições mais propícias para um padrão de renda, que flutua entre o médio e superior.
Esse novo perfil de destino turístico, que Gramado consolidou nos últimos anos, é evidente que a colocou como uma cidade com prática de preços de serviços gerais, bem acima da média. A imagem de uma cidade cara, até mesmo para seus residentes de padrão de renda de médio para baixo, representa mesmo uma realidade. No entanto, isso não impede de se reforçar aqui a relevância do destino turístico que está reservada à cidade. Mérito de nativos e pessoas de fora que enxergaram a vocação econômica e optaram por investir, na crença de um êxito empreendedor, no qual o passar do tempo se encarregou de fortalecer.
Uma das boas métricas que serve para mirar o crescimento econômico não está no se acomodar ou no proceder diante das conveniências. Daquilo é, simplesmente, uma vocação. Nesse sentido, arriscar-se no encarar e superar desafios representa uma das essências de quem quer mesmo empreender, ser protagonista no seu mercado. Foi por aí que o destino turístico de Gramado deu a consistência necessária para se fortalecer no seu propósito de crescer e transformar de modo mais sustentável, mirando e conciliando pessoas e natureza. Assim, o destino eventual se fez como verdadeiro destino turístico.