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Meta integra WhatsApp a anúncios do Instagram e Facebook, e libera chamadas de voz para empresas

Em pacote de atualizações, big tech informou que vai unificar plataforma de campanhas publicitárias dos três apps e liberar recurso para grandes empresas ligarem para clientes

Mark Zuckerberg - Josh Edelson/AFP

Duas semanas após confirmar a chegada de anúncios no WhatsApp, a Meta anunciou que campanhas para o aplicativo de mensagem, o Instagram e o Facebook passarão a ser gerenciadas em uma única plataforma.

A atualização foi divulgada nesta terça-feira, durante o Conversations 2025, conferência anual voltada para o app de mensageria.

Na prática, a mudança significa que, ao criar uma campanha publicitária, empresas poderão usar o mesmo material do anúncio (imagem, texto e vídeo) e orçamento com divulgação nas três plataformas.

Um dos pontos centrais apresentados no evento foi a ampliação do uso de inteligência artificial para otimizar a distribuição das campanhas.

O sistema unifica o disparo de publicações pagas na aba de Atualizações do Whatsapp e também de mensagens para base de usuários das empresas.

A integração é mais um passo no esforço da Meta para monetizar o app de mensagens, que é o mais popular do Brasil e acessado globalmente por 3 bilhões de pessoas.

Em junho, a empresa liderada por Mark Zuckerberg anunciou que passaria a exibir postagens patrocinadas na aba de Atualizações do WhatsApp, dentro dos Status (recurso em que usuários compartilham fotos e vídeos temporários, semelhante aos Stories, do Instagram). Até então, o aplicativo nunca teve um espaço para exibição de conteúdos impulsionados, como tinham outras redes da empresa.

Outro ponto central do evento nesta terça foi a liberação de chamadas de voz — e futuramente de vídeo — entre empresas e usuários dentro do WhatsApp.

A funcionalidade estará disponível para companhias de maior porte que utilizam a Plataforma WhatsApp Business e será liberada no Brasil nas próximas semanas. Também será possível enviar e receber mensagens de voz com conteúdo promocional ou de suporte.

Atualmente, pequenas empresas com contas regulares no WhatsApp já podiam conversar com clientes por voz no app, mas contas corporativas maiores não tinham acesso a essa funcionalidade.

Isso significa que grandes empresas que usam os serviços corporativos do WhatsApp, como bancos e plataformas de comércio, poderão ligar por lá para os usuários com os quais se comunicam.

Anúncios direcionados em mensagens e no Status

Segundo a Meta, 1,5 bilhão de pessoas acessam diariamente o espaço de Atualizações, em que ficam os anúncios pagos do WhatsApp. Durante o Conversations, Zuckerberg disse que a publicidade no app será “uma grande oportunidade” para os negócios e que a plataforma única de campanhas era uma “simplificação”.

O usuário que clica na publicidade de Status do WhatsApp é levado diretamente para uma conversa com o anunciante. O sistema foi ativado nos Estados Unidos e deve ser liberado no Brasil até o final do ano.

O disparo da propaganda não dá a empresa o acesso a números de celulares dos usuários, segundo a Meta. Esse impulsionamento pode ser feito por negócios de todos os portes. Ao integrá-lo na plataforma do Instagram e Facebook, a tendência é que mais anunciantes distribuam campanhas no WhatsApp.

Entre as empresas que usam o serviço WhatsApp Business, será possível usar a plataforma de gerenciamento de campanhas também para o disparo de mensagens para suas bases de cliente.

Para isso, o próprio negócio terá que fornecer os números telefônicos para os quais vai enviar as mensagens de marketing. Os usuários do WhatsApp terão que previamente ter aceito receber contato da empresa (opt-in).

— A empresa passa por um fluxo de configuração, desenvolve o material criativo, envia sua lista de contatos, define o orçamento e escolhe “Mensagens de Marketing” como um dos formatos. — afirmou Zuckerberg, ao abrir o evento. — Usaremos inteligência artificial para entregar essas mensagens às pessoas com maior probabilidade de se interessar.

Com a integração, as empresas poderão carregar a listas de assinantes e selecionar manualmente as mensagens de marketing ou usar usar os recursos de inteligência artificial para disparo direto.

A chegada de anúncios pagos ao WhatsApp, em junho, levantou preocupações sobre a privacidade no app, já que as mensagens são protegidas por criptografia e não poderiam ser usadas para segmentação de publicidade.

A companhia afirma que não pode acessar o conteúdo das mensagens privadas, chamadas ou grupos para segmentar publicidade.

Os dados usados para isso incluem país, idioma do dispositivo, interações com anúncios no Status e, quando o WhatsApp está vinculado à Central de Contas, informações do Facebook e Instagram.

Agentes de IA

A Meta destacou ainda como pretende expandir mais o uso de IA por meio de agentes no aplicativo. Zuckerberg, na apresentação, afirmou acreditar que todas as empresas, no futuro, terão esses sistemas autônomos de IA.

Parte do plano de longo prazo da Meta para o WhatsApp inclui justamente a popularização desses agentes, que funcionam como assistentes virtuais que podem realizar tarefas.

Segundo Zuckerberg, esses bots poderão futuramente ser criados com base no conteúdo já publicado por empresas no Instagram, Facebook e WhatsApp, de forma automatizada. A ideia é que pequenos negócios possam configurar rapidamente um assistente capaz de responder a perguntas, dar suporte ao cliente e recomendar produtos.

— Estamos testando com algumas empresas nos EUA nas próximas semanas, então fique de olho —afirmou o executivo. A proposta é permitir que uma loja online possa usar a mesma IA que funciona no WhatsApp para conversar com clientes em seu próprio domínio.

Até alguns anos, o WhatsApp operava quase exclusivamente como um mensageiro entre pessoas conhecidas.As novidades fazem parte da transformação do aplicativo de uma plataforma de mensagens privadas, mas com espaço de uso público e com soluções comerciais.