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Gripe aviária: EUA encerram estado de emergência com queda no número de casos

Estados que estavam entre os mais afetados também reduziram seus esforços. A Califórnia encerrou sua declaração de emergência em abril

Gripe Aviária - CDC passou a incluir as atualizações sobre gripe aviária nos relatórios rotineiros da gripe sazonal a partir desta segunda-feira e passará a divulgar mensalmente o número de pessoas monitoradas e testadas para o vírus - Freepik

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) encerrou sua resposta de emergência à gripe aviária, já que o surto que infectou dezenas de pessoas, se espalhou para o gado e elevou os preços dos ovos diminuiu.

A designação de emergência terminou na semana passada, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto que não estava autorizada a falar publicamente sobre isso.

O CDC passou a incluir as atualizações sobre gripe aviária nos relatórios rotineiros da gripe sazonal a partir desta segunda-feira e passará a divulgar mensalmente o número de pessoas monitoradas e testadas para o vírus também conhecido como H5N1, informou a agência. O site da instituição deixará de incluir as taxas de infecção encontradas entre os animais.

Estados que estavam entre os mais afetados também reduziram seus esforços. A Califórnia encerrou sua declaração de emergência em abril, disse um porta-voz do Departamento de Saúde Pública à agência Bloomberg.

Washington, que teve 11 casos humanos em 2024, também está reduzindo sua resposta, afirmou o epidemiologista estadual Scott Lindquist.

A resposta de emergência do CDC foi desativada para que se retome a atividade regular dos programas, segundo um porta-voz do Departamento de Saúde e Serviços Humanos. A vigilância, preparação e resposta à gripe aviária passarão a ser integradas às ações existentes da Divisão de Influenza do CDC e de outros programas da agência, disse ele.

Difícil de Detectar
Embora os estados afirmem que continuam monitorando a atividade da gripe aviária e coordenando com autoridades federais, médicos e pesquisadores disseram que as mudanças dificultarão a detecção de possíveis alterações perigosas.

Se o vírus continuar a saltar entre espécies ou o número de casos humanos aumentar, há maior risco de que ele sofra mutações e se torne mais transmissível entre pessoas, afirmaram.

— Estamos baixando a guarda — disse Michael Kinch, especialista em doenças infecciosas e diretor de inovação da Universidade Stony Brook, em Nova York.

O fim da resposta emergencial ocorre em meio a uma retirada mais ampla do governo federal nos esforços de preparação para novos surtos. No início deste ano, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA cancelou um contrato federal de US$ 766 milhões com a Moderna Inc. para desenvolver vacinas de mRNA contra a gripe aviária.

Uma declaração de emergência do CDC redireciona pessoas e recursos para ampliar testes, vigilância e comunicação durante um surto. Durante a resposta ao H5N1, 375 funcionários do CDC foram destacados para atuar no surto, segundo o porta-voz do HHS.

Reduzir a atenção ao vírus pode deixar uma lacuna enquanto ele ainda circula entre aves migratórias nos EUA, alertaram especialistas em saúde.

— Se você deixar passar um aumento nos casos, ficará um passo atrás, o que pode levar a uma transmissão mais ampla, mais rebanhos infectados e mais pessoas infectadas — disse Dean Blumberg, chefe de doenças infecciosas pediátricas da Universidade da Califórnia, em Davis.

O CDC anteriormente mantinha ligações regulares com o Departamento de Agricultura dos EUA, a Administração para Preparação Estratégica e Resposta, e a Casa Branca para atualizar a imprensa e os epidemiologistas sobre o status do vírus e a resposta federal. As ligações terminaram antes da posse do presidente Trump em janeiro.

Queda nas infecções
Outros fatores também podem dificultar os esforços para identificar e rastrear infecções. A maioria dos casos humanos detectados nos EUA ocorreu entre trabalhadores rurais que estavam em contato próximo com rebanhos leiteiros e aves doentes.

Os governos estaduais e os proprietários das fazendas precisam convidar os investigadores do CDC para realizar a vigilância – algo difícil de implementar com trabalhadores migrantes durante batidas migratórias em massa no país.

A Califórnia, que teve o maior número de casos humanos em 2024, com 38 pessoas infectadas, passou a oferecer cartões-presente de US$ 25 como incentivo para que as pessoas fizessem testes para o vírus Influenza A, a cepa da gripe que inclui o H5N1, em abril.

A gripe aviária começou a circular entre bovinos no ano passado e acabou levando a 70 infecções em humanos confirmadas pelo CDC. Os sintomas incluem sinais gripais e conjuntivite, e a doença pode ser tratada com o antiviral Tamiflu.

Embora uma pessoa tenha morrido da doença em janeiro, o risco atual para os humanos continua baixo, segundo o CDC.