Laboratório de IA da Huawei nega acusações de que copiou rivais
Movimento é considerado um gesto raro da gigante chinesa de telecomunicações e tecnologia, cujo laboratório se dedica a superar concorrentes internacionais na fronteira tecnológica
O laboratório de pesquisa de inteligência artificial (IA) da Huawei Technologies, conhecido por sua discrição, refutou acusações de que se baseou em modelos de rivais para desenvolver a plataforma Pangu.
Com isso, a empresa adota uma medida incomum de rebater as alegações sobre os seus esforços em inteligência artificial na atual corrida tecnológica global.
O Pangu Pro MoE é o primeiro modelo do mundo deste tipo a ser treinado com chips Ascend — a resposta da Huawei aos aceleradores de IA da Nvidia — afirmou o laboratório em um post no WeChat no fim de semana.
Embora a empresa tenha utilizado código-fonte aberto — como é “prática comum” — a Huawei disse que respeitava a propriedade intelectual e seguia rigorosamente os termos de licenciamento. A declaração segue acusações publicadas na plataforma de codificação Github de que o código-fonte da Pangu continha material não-creditado de concorrentes importantes.
Movimento raro
A resposta da Huawei é rara para uma empresa considerada um símbolo dos esforços da China para se distanciar da tecnologia estrangeira, em áreas que vão de smartphones a semicondutores. Em serviços de IA, no entanto, rivais como a DeepSeek e o Alibaba Group têm atraído a atenção de investidores e executivos do setor.
“Cumprimos rigorosamente os requisitos de licenças de código aberto e marcamos claramente as declarações de direitos autorais nos arquivos de código relevantes”, afirmou no post o Noah’s Ark, laboratório de pesquisa da Huawei. “Acolhemos e aguardamos com expectativa discussões aprofundadas e profissionais sobre detalhes técnicos com todos na comunidade de código aberto.”
Um representante da Huawei não comentou além do comunicado do Noah’s Ark.
Fundado em 2012 para liderar pesquisas em tecnologias avançadas na Huawei, o Noah’s Ark agora se concentra principalmente em IA de ponta e áreas como mineração de dados. Os escritórios do Noah’s Ark abrangem de Shenzhen a Hong Kong e Londres.
As acusações giram em torno do modelo Pangu Pro MoE (Mixture of Exerts). A empresa publicou o código-fonte na semana passada. Isso, por sua vez, impulsionou a criação de um grupo no GitHub chamado “HonestAGI”, que passou a debater as origens do projeto. O post foi deletado dias depois.
Contudo, no domingo, outro post apareceu na mesma plataforma. Intitulado “Pangu’s Sorrow” (A Tristeza de Pangu), o autor anônimo retomou as alegações e também entrou em detalhes sobre como a equipe sofreu imensa pressão para entregar resultados, mas ficou atrás dos rivais.