Reitor da UFPE anuncia cortes no orçamento: "É necessário para mantermos a universidade funcionando"
Editais e contratos serão suspensos e impactarão mais de 40 mil estudantes de graduação e pós-graduação
Em coletiva de imprensa, Alfredo Gomes, reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), informou, na manhã desta terça-feira (8), que realizará cortes para garantir o funcionamento da instituição até o final deste ano.
“Só temos orçamento previsto até outubro de 2025”, relatou Alfredo, que estava acompanhado do vice-reitor da instituição, Moacyr Araújo.
As medidas impactarão pelo menos 40 mil estudantes dos 115 cursos de graduação e pós-graduação, além dos três mil professores efetivos no quadro da UFPE.
Os alunos de mestrado e doutorado também serão afetados com as suspensões.
Entre elas, estão previstas a suspensão de lançamento de editais e contratos. "O não lançamento de editais servirá para manter a UFPE e conseguirmos finalizar o ano de 2025", contou.
Segundo Alfredo, para manter o funcionamento da universidade, seria necessário um aporte de R$ 23,9 milhões.
“É uma estrutura muito grande, contamos com 377 prédios. Para mantê-los, utilizamos o orçamento da União. A responsabilidade de manutenção é do governo federal”, disse.
O reitor também contou que o orçamento destinado para o ano de 2025 foi de R$ 170 milhões. Em 2014, a UFPE recebeu R$ 233 milhões.
“Em junho deste ano, recebemos uma recomposição de 7,9 milhões, como foi prometido pelo Ministério da Educação. Mas ainda é insuficiente para manter o conjunto de atividades funcionando de forma plena”, afirmou.
"Por isso, existe a necessidade de suspender as bolsas e editais. Não podemos ter esses gastos", contou.
No entanto, Alfredo garantiu que as bolsas direcionadas para a permanência estudantil na universidade não estão inclusas nos cortes.
"Não vamos reduzir as bolsas de assistência estudantil [...] Preservamos todas as bolsas direcionadas para a permanência dos nossos alunos, como de monitoria e pesquisa. É uma prioridade máxima para a UFPE", explica o reitor.
Alguns dos cortes também afetarão diretamente a manutenção da UFPE, como o conserto de ar-condicionados, esgoto e poços instalados nos prédios das instituições. Os restaurantes universitários, no entanto, não serão afetados pelos cortes.
As atividades de campo também estão suspensas desde o início do semestre, em maio de 2025. "Apenas as que fazem parte do currículo essencial da graduação continuarão", disse Moacyr, vice-reitor da UFPE.
Sertânia
Em relação ao novo campus da Universidade, que ficará localizado em Sertânia, no Sertão de Pernambuco. Alfredo afirmou que “ele não será impactado porque conta com um orçamento especifico”.
Posicionamento do MEC
Por meio de nota, o Ministério da Educação (MEC) informou que mantém diálogo constante com a reitoria das universidades federais sobre as demandas das comunidades acadêmicas e que vem fazendo, desde 2023, um esforço para recuperar o orçamento das instituições.
"Esse esforço foi materializado nas suplementações ocorridas nos anos de 2023 a 2025. Essa recuperação é necessária em função das grandes perdas que as universidades federais sofreram, principalmente nos anos de 2020 a 2022", detalhou um trecho da nota.
O comunicado do MEC também destacou que a pasta recompôs integralmente o valor suprimido, nos termos da Portaria GM/MPO n. 177, de 2025 e reforçou a autonomia.
"As universidades federais possuem autonomia administrativa e financeira, conforme assegurado pela Constituição Federal de 1988, o que lhes permite estabelecer, de forma autônoma, as prioridades institucionais em seus respectivos orçamentos", completou.