Trump se reunirá novamente com Netanyahu para discutir cessar-fogo em Gaza
Encontro na Casa Branca reforça pressão por trégua em Gaza e libertação de reféns do Hamas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que se reunirá novamente na tarde desta terça-feira (8) com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para buscar um cessar-fogo em Gaza.
Netanyahu "deve chegar em breve. Vamos conversar quase exclusivamente sobre Gaza. Temos que resolver isso", disse Trump a repórteres.
Trump se encontrou com Netanyahu na Casa Branca na segunda-feira para discutir o fim da guerra em Gaza e a libertação dos reféns pelo movimento palestino Hamas.
Esta é a terceira visita de Netanyahu a Washington desde que Trump assumiu o cargo novamente em janeiro.
O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, ainda tem esperanças de alcançar um acordo sobre um cessar-fogo até o fim da semana.
"Esperamos que até o fim da semana tenhamos um acordo que nos permita um cessar-fogo de 60 dias", disse Witkoff. "Dez reféns vivos serão libertados" e serão recuperados os restos mortais de "nove falecidos", acrescentou.
Trump tem apoiado Netanyahu firmemente, especialmente na recente guerra entre Irã e Israel, mas também aumentou a pressão para pôr fim ao que ele chama de um "inferno" em Gaza.
- "Mais tempo" -
No entanto, o Catar informou, mais cedo nesta terça-feira, que é preciso mais tempo para que as negociações permitam um avanço entre Israel e Hamas.
"Não acho que possa dar um prazo neste momento, mas posso dizer que precisaremos de tempo para isso", declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari, no terceiro dia de negociações indiretas em Doha.
O Catar, mediador ao lado dos Estados Unidos e do Egito, disse que as reuniões em Doha se concentram em um marco para os diálogos.
Um funcionário palestino próximo das negociações negou ter havido avanços.
No terreno, cinco soldados israelenses morreram em combates no norte de Gaza, um dos dias mais mortais do ano para as forças israelenses no território palestino.
Ao menos 445 soldados israelenses morreram desde o começo da guerra, segundo um balanço da AFP.
A Defesa Civil de Gaza reportou 29 mortos em ataques israelenses nesta terça, incluindo três crianças.
"Explosão" no café-da-manhã
"Estava em frente à minha barraca, preparando o café-da-manhã para meus quatro filhos, uma lata de favas e um pouco de pão duro. E, de repente, houve uma explosão, e depois outra um minuto depois", contou à AFP Shaima al Shaer no campo de Sanabel.
As restrições impostas à mídia em Gaza e as dificuldades de acesso a muitas áreas impedem verificar de forma independente os números e dados fornecidos pela Defesa Civil.
Israel e Hamas começaram a última rodada de negociações no domingo, com representantes sentados em salas separadas no mesmo prédio.
Um funcionário israelense que acompanhou Netanyahu em Washington afirmou que a proposta em discussão inclui "entre 80% e 90% do que Israel quer".
Mas o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, da extrema direita, foi contrário às negociações com o Hamas. "Não há necessidade de negociar com quem assassina nossos combatentes; devem ser destroçados", declarou.
Das 251 pessoas sequestradas em outubro de 2023 durante o ataque do Hamas a Israel, 49 seguem em cativeiro em Gaza, das quais 27 o exército israelense acredita que tenham morrido.
Segundo fontes palestinas, o Hamas pede a retirada israelense do território, garantias de que o cessar-fogo vai durar e de que a ONU e organizações internacionais reconhecidas retomem a gestão da ajuda humanitária na Faixa.
O ataque do Hamas deixou 1.219 mortos em Israel, a maioria civis, segundo um balanço com base em dados oficiais israelenses.
Pelo menos 57.575 palestinos morreram na ofensiva lançada em retaliação por Israel em Gaza, majoritariamente também civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas. A ONU considera estes dados confiáveis.