Empresas precisam cuidar hoje de quem poderá ser seu líder amanhã
Em algumas empresas, eles são conhecidos como HiPos (do inglês High Potential Executive, ou executivo de alto potencial). Em outras, são os Rising Stars, as estrelas em ascensão – termo vindo de uma das mais populares ferramentas de avaliação de desempenho de profissionais nas empresas, a 9-in-box. E em muitas outras organizações, eles são simplesmente chamados de grandes apostas. Seja qual for o nome dado, são aqueles talentos que representam o futuro de uma companhia. Até porque, há grandes chances de que estejam, entre eles, os próximos líderes da organização. O que faz da missão de identificá-los e desenvolvê-los algo crucial para garantir a longevidade da empresa.
Mas para identificar seus HiPos, uma empresa precisa ir além das avaliações de desempenho tradicionais. Afinal, eles se destacam não só pela performance atual, mas também pelo seu alto potencial de crescimento (daí o nome) e de assumir responsabilidades mais amplas no futuro. É preciso, portanto, um olhar atento sobre como se comportam diante de situações desafiadoras, algo fundamental para garantir uma perspectiva abrangente quanto a seu potencial de liderança.
Mais: é importante considerar sua capacidade de adaptação, de aprendizado contínuo e de enfrentar novos desafios. O mais difícil, talvez, seja avaliar, nesse potencial futuro líder, o equilíbrio entre ambição individual e inclinação para servir - ou seja, crescer sim, mas com a disposição para trabalhar em prol do bem comum, refletido não só no crescimento da empresa, mas também no bem-estar dos colaboradores. Afinal, líderes eficazes são aqueles que conseguem equilibrar a busca por resultados com a criação de um ambiente de trabalho saudável e colaborativo. E esse é um traço presente desde os primeiros momentos da ascensão corporativa.
Após identificar esses talentos com enorme potencial, a grande questão reside em como desenvolvê-los, claro. O que não é uma tarefa comum, que se enderece com "soluções de prateleira": o desenvolvimento dos HiPos deve ser estruturado e personalizado, inclusive para garantir engajamento e permanência. Programas de treinamento formal, como cursos de liderança e gestão estratégica, devem ser combinados com experiências práticas e projetos interdepartamentais. Este olhar transversal sobre toda a empresa, garantindo uma maior fluidez corporativa em todas as áreas, foi, inclusive, uma das características mais recorrentes nos líderes das grandes empresas brasileiras de capital aberto, conforme revelou a edição 2025 do "Perfil do CEO", que Falconi, maior consultoria brasileira de gestão empresarial, traça anualmente a partir de dados e entrevistas com líderes das empresas que formam o índice Ibovespa B3.
Nesses programas customizados, a mentoria desempenha um papel crucial, porque oferece orientação e compartilhamento de experiências práticas por parte dos líderes atuais, o que acelera o crescimento profissional. Além da exposição a líderes seniores, esse acompanhamento proporciona o envolvimento em decisões estratégicas para ampliar a compreensão sobre a estrutura e as dinâmicas organizacionais, preparando assim os executivos para futuras responsabilidades.
Em suma: a importância dos HiPos para a organização é indiscutível e é, por conseguinte, essencial identificá-los desenvolvê-los e mantê-los na companhia. Para tanto, além de oferecer reconhecimento e recompensas alinhadas às suas conquistas, deve-se proporcionar oportunidades de crescimento contínuo e um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal. Em um mundo onde, em contraponto com o amplo avanço da inteligência artificial, o talento pode se mostrar escasso, sobretudo em áreas técnicas e setores específicos. Investir na identificação, desenvolvimento e retenção de executivos de alto potencial é crucial para assegurar o futuro da organização.
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