CEO da X, Linda Yaccarino, renuncia enquanto IA de Musk gera controvérsias globais
Em anúncio de despedida, executiva reforçou que sua gestão focou na segurança dos usuários e na retomada da confiança dos anunciantes. Mas plataforma continuou envolvida em polêmicas
Linda Yaccarino, contratada por Elon Musk há dois anos como diretora-executiva do X (antigo Twitter), renunciou menos de três meses após a plataforma de mídia social ter sido incorporada pela startup de inteligência artificial do empresário.
“Depois de dois anos incríveis, decidi renunciar ao cargo de CEO do X”, escreveu Yaccarino nesta quarta-feira, na própria rede social. “Estarei torcendo por todos vocês enquanto continuam mudando o mundo.”
A ex-executiva da NBCUniversal foi recrutada por Musk em maio de 2023, após ele já ter demitido ou perdido cerca de 75% da equipe da empresa anteriormente conhecida como Twitter. Durante sua gestão, Yaccarino teve como missão reconquistar os anunciantes que haviam abandonado a plataforma, em parte por conta das decisões erráticas e publicações polêmicas de Musk sobre moderação de conteúdo.
Desde então, ela precisou defender repetidamente tanto o chefe quanto a plataforma, diante de críticas pelo aumento de postagens violentas, antissemitas e com desinformação na X.
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Na sua publicação de despedida, Yaccarino descreveu o cargo como “a oportunidade da sua vida” e agradeceu a Musk por “confiar em mim a responsabilidade de proteger a liberdade de expressão, reverter o rumo da empresa e transformar a X no aplicativo que faz tudo”. Segundo ela, durante sua liderança, a empresa priorizou a segurança dos usuários e a restauração da confiança dos anunciantes.
Apesar disso, a plataforma continuou envolvida em polêmicas. Menos de 24 horas antes, a xAI — empresa de IA de Musk — afirmou que está trabalhando para remover conteúdos impróprios da X, após seu chatbot de inteligência artificial, Grok, ter publicado comentários antissemitas que provocaram ampla condenação.
Críticas de ministro da Turquia
Um ministro do governo da Turquia criticou na quarta-feira postagens ofensivas geradas por Grok na X, chamando-as de inaceitáveis e alertando que podem levar à proibição da plataforma no país. Nesta semana, a Polônia pediu à União Europeia que investigue a xAI por conteúdo abusivo, após Grok fazer comentários obscenos sobre políticos locais.
Enquanto isso, a Comissão Europeia avalia impor a primeira multa à X com base no regulamento comunitário sobre conteúdos digitais, por supostas infrações, antes do recesso de verão em agosto.
Desde que a xAI assumiu o controle da X, a Bloomberg reportou que a startup tem gasto cerca de US$ 1 bilhão por mês, já que os custos de desenvolvimento de modelos avançados de IA superam em muito as receitas atuais. Para cobrir esse rombo, a empresa busca levantar US$ 9,3 bilhões em dívidas e capital, segundo fontes familiarizadas com os termos da operação ouvidas pela Bloomberg no mês passado.