EUA

Departamento de Estado dos EUA se prepara para demitir 1,3 mil funcionários, incluindo diplomatas

Corte no funcionalismo federal, parte da agenda do presidente Donald Trump, foi autorizada por decisão da Suprema Corte

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o presidente americano, Donald Trump, durante reunião de gabinete - Andrew Caballero-Reynolds/AFP

O Departamento de Estado dos EUA se prepara para demitir 1,3 mil funcionários, incluindo diplomatas e funcionários em solo americano, em uma iniciativa do governo do presidente Donald Trump com potencial de alterar drasticamente o órgão responsável por cuidar da política externa.

Um memorando revisado pela CNN nesta sexta-feira detalhava o número de funcionários que a Casa Branca pretende encerrar o vínculo, após a decisão da Suprema Corte dando sinal verde para a redução da força de trabalho federal.

O memorando interno revisado pela rede americano detalha que 1.107 funcionários em postos nos EUA e 246 em serviço no exterior seriam informados sobre suas demissões ainda nesta sexta. Os funcionários no estrangeiro seriam colocados em licença administrativa por 120 dias, antes de perderem formalmente seus empregos.

O documento também narra que "quase 3 mil membros da força de trabalho deixarão o cargo como parte da reorganização".

O número é similar ao que o Departamento de Estado havia informado anteriormente ao Congresso, sobre um corte de cerca de 2,7 mil funcionários (ou 15% de sua força de trabalho).

Altos funcionários do Departamento de Estado, em entrevista a repórteres sob condição de anonimato, disseram que a reorganização do corpo profissional visa desmantelar uma proliferação de escritórios da época da Guerra Fria que, segundo eles, são inadequados para a política externa nacionalista de Trump. Eles afirmaram que a reorganização consolidará cargos redundantes em recursos humanos, finanças e contabilidade.

Fontes ouvidas pela Bloomberg se recusaram a fornecer detalhes sobre as equipes ou o número de pessoas afetadas, mas planos anteriores de reorganização previam o rebaixamento do escritório que supervisiona a democracia e os direitos humanos e o fechamento de escritórios responsáveis por questões femininas, segurança sanitária global e diversidade e inclusão.

"As reduções de pessoal foram cuidadosamente planejadas para afetar funções não essenciais, escritórios duplicados ou redundantes e escritórios onde se pode obter eficiência considerável com a centralização ou consolidação de funções e responsabilidades", diz o memorando visto pela CNN.

Os planos de corte no departamento estavam suspensos, aguardando a resolução de contestações legais sobre a autoridade do governo Trump para realizar demissões em massa de funcionários federais. Mas a Suprema Corte decidiu que Trump pode prosseguir com esses planos, revogando uma ordem judicial que havia impedido mais de uma dezena de departamentos e agências federais — incluindo o de Estado — de reduzir seus efetivos.

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A Associação Americana do Serviço Exterior, um sindicato e uma organização profissional para funcionários do serviço exterior, "se opõe inequivocamente às mudanças unilaterais do Departamento de Estado nos procedimentos de redução da força de trabalho do Serviço Exterior", de acordo com um comunicado divulgado antes do anúncio.

O grupo afirmou que as mudanças "enfraquecem seriamente a capacidade dos Estados Unidos de conduzir a política externa em um dos momentos geopolíticos mais críticos da memória recente".

A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, disse a repórteres na quinta-feira que a reorganização, anunciada por Rubio em abril, "garantirá que o departamento avance na velocidade da relevância e o restaure às suas raízes de democracia orientada por resultados".

Trump assumiu o cargo com o objetivo de remodelar o governo federal, visando o que ele e seus aliados chamam de burocratas do "estado profundo", hostis à sua agenda. O esforço do Departamento de Eficiência Governamental, anteriormente liderado pelo bilionário Elon Musk, tem trabalhado para cortar empregos federais, inclusive por meio de um plano de demissão que fornece pagamentos a funcionários que deixam suas agências voluntariamente.

O Departamento de Estado já superou a dissolução da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), que Musk apontou como corrupta e irrevogavelmente falida. Rubio, que Trump escolheu como administrador interino da Usaid, determinou em março o cancelamento de 83% dos projetos da agência e a absorção do restante pelo Departamento de Estado. A agência foi formalmente fechada no início deste mês.