CONFLITO

Após ultimato, Trump se diz "decepcionado", mas não ter "desistido" de Putin

Presidente americano criticou ações ofensivas ordenadas pelo líder russo em momentos de progresso nas negociações

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin - Mandel Ngan e Maxim Shemetov / diversas fontes / AFP

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse estar "decepcionado" com o líder russo, Vladimir Putin, pela falta de progresso nas negociações de paz envolvendo a Ucrânia, mas que ainda "não desistiu" dele.

A declaração foi feita pelo republicano em entrevista à rede britânica BBC, após a coletiva de imprensa de segunda-feira ao lado do secretário-geral da Otan, Mark Rutte, na Casa Branca, na qual fez um ultimato a Moscou para que um cessar-fogo seja alcançado em 50 dias. O Kremlin se manifestou na manhã desta terça e disse que vai "precisar de tempo" para responder as alegações americanas.

— Estou decepcionado com ele [Putin], mas ainda não desisti — disse Trump durante entrevista por telefone ao programa BBC Radio 4. — Mas estou decepcionado. Tivemos um acordo fechado quatro vezes e então você vai para casa e vê que acabaram de atacar um asilo em Kiev. E então, que diabos foi aquilo?

Ao ser questionado sobre sua confiança em Putin, Trump disse que "para ser sincero" não confiava "quase em ninguém". Em um tom mais brando do que no passado, ele disse que a Otan estava indo na direção correta, e que classificou como positivo o acordo de defesa coletiva da organização.

Os comentários de Trump acontecem logo após o presidente anunciar um novo envio de armas para a Ucrânia e de ter feito um ultimato para que Moscou aceite um cessar-fogo no prazo de 50 dias, sob pena de imposição de novas sanções — incluindo tarifas de 100% a países que aceitem negociar com a Rússia.

O governo russo se referiu ao anúncio de Trump nesta terça-feira. Em sua coletiva de imprensa diária, o principal porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que Moscou continua disposto a negociar com a Ucrânia, mas que precisa de tempo para responder às declarações "sérias" do presidente americano.

— As declarações do presidente Trump são muito sérias. É claro que precisamos de tempo para analisar o que foi dito em Washington e, se ou quando o presidente Putin considerar necessário, ele se pronunciará — disse Peskov a repórteres.

Apesar da ameaça americana, aliados de Moscou deram sinais de apoio. Um dia após as ameaças de Trump, o presidente da China, Xi Jinping, disse que os dois países devem "reforçar seu apoio mútuo" em uma reunião com o chanceler russo, Serguei Lavrov, à margem de um encontro ministerial da Organização de Cooperação de Xangai.

— [China e Rússia devem] colocar em prática o importante consenso [alcançado com Putin], e reforçar seu apoio mútuo em fóruns multilaterais — disse Xi, citado pela agência de notícias chinesa Xinhua. — [Pequim e Moscou devem] unir os países do Sul Global e promover o desenvolvimento da ordem internacional em uma direção mais justa e mais razoável.

*Matéria em atualização