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Indústria defende esgotar negociação com EUA antes de recorrer à retaliação ao tarifaço

A estimativa preliminar é de uma perda de pelo menos 110 mil postos de trabalho, caso a medida entre em vigor nos termos anunciados, além de forte impacto sobre o PIB

O presidente da CNI, Ricardo Alban - Reprodução

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, defendeu o caminho das negociações com os Estados Unidos antes de recorrer à retaliação imediata por conta da tarifa de 50% imposta por Donald Trump às exportações brasileiras ao país.

— Antes (de retaliar), é preciso esgotar toda e qualquer possibilidade de negociação — alertou.

O posicionamento é consenso no setor e foi definido em reunião virtual ontem entre todos os presidentes de federações da indústria.

Ricardo Alban alertou que é preciso objetividade e pragmatismo por parte do governo e do setor privado na negociação.

— O que não queremos neste momento é perder a razão. É importante essa parceria. É muito difícil o setor industrial encontrar alternativas de médio prazo para substituir esse mercado dos EUA — afirmou.

Alban participou de encontro entre empresários e autoridades no Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para discutir a estratégia de resposta do país às medidas da Casa Branca, com a presença dos ministros Geraldo Alckmin (MDIC), Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).

O dirigente também reforçou o pedido para que o governo articule juntos aos Estados Unidos uma ampliação de 90 dias para o começo da vigência da nova tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros.

— Estamos falando aqui só de perde-perde. Não tem ganha-ganha. Perde a indústria, perde a economia, perde o social. Gostaríamos de colocar na mesa um adiamento de 90 dias no prazo para início da vigência (da tarifa) — pontuou Alban.

A estimativa preliminar da indústria é de uma perda de pelo menos 110 mil postos de trabalho, caso a medida entre em vigor nos termos anunciados, além de forte impacto sobre o PIB.

Alckmin destacou que o governo vai trabalhar para reverter as novas tarifas, consideradas por ele “completamente inadequadas”. Ele reiterou que EUA têm superávit na relação com o Brasil há 15 anos e a tarifa média dos produtos que os norte-americanos exportam para o nosso país é de 2,7%.

— Temos uma importante complementariedade econômica. É importante conversarmos com os parceiros americanos no setor industrial para mostrarmos que a medida encarece também os produtos deles — disse.

Uma comitiva de empresários e representantes de associações industriais participou da reunião, incluindo:

O presidente da Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Josué Gomes da Silva;

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso;

A presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Janaína Donas;

O presidente emérito da Associação Brasileira Indústria Têxtil e de Confecções (Abit); Fernando Pimentel;

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira;

O CEO da Tupy, Rafael Lucchesi;

O CEO da Embraer, Francisco Gomes, entre outros.