Novo pedido à Justiça

Rumble e Trump Media pedem responsabilização de Moraes por ordem de bloqueio de perfil

Manifestação questiona derrubada de contas ligadas ao blogueiro bolsonarista Rodrigo Constantino

Plataformas americanas pedem responsabilização do ministro Alexandre de Moraes - Gustavo Moreno/STF

A rede social Rumble e a empresa Trump Media & Technology Group protocolaram nesta quarta-feira um novo pedido de responsabilização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo encaminhamento de uma ordem para o bloqueio da conta do blogueiro bolsonarista Rodrigo Constantino.

A petição encaminhada à Justiça americana hoje, à qual o GLOBO teve acesso, complementa uma ação apresentada na última segunda-feira e questiona o envio de uma decisão por Moraes dois dias após o anúncio de taxação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos.

As companhias respondem a uma determinação do magistrado emitida na última sexta-feira, que pedia o bloqueio de contas ligadas a Constantino no Rumble, além do compartilhamento de dados do usuário, sob pena do pagamento de multas diárias de RS 100 mil (cerca de US$ 20 mil).

Em resposta, a defesa das empresas entrou no início da semana com um pedido para o não cumprimento da ação por considerar a decisão irregular, uma vez que o perfil do blogueiro na plataforma estaria inativo desde 2023. A plataforma, como um todo, segue proibida no Brasil também por decisão do ministro.

Com a petição protocolada hoje, as plataformas pedem para que a Justiça dos EUA declare a ordem de Moraes "inexequível nos Estados Unidos por ser inconsistente com a legislação americana" e profira "uma sentença favorável ao Rumble". No pedido, a plataforma também criticou a determinação feita por Moraes dois dias após o anúncio do tarifaço pelo presidente americano Donald Trump contra os produtos brasileiros.

"Moraes fez isso poucos dias depois da carta do presidente Trump alertando sobre censura e tarifas. Isso não parece justiça legítima — parece uma jogada pessoal de poder. E, até onde sabemos, ninguém no governo brasileiro ou no STF se opôs ao que ele fez, ou sequer sabia da ordem", disse o advogado de defesa do Rumble, Martin De Luca, em nota encaminhada após a protocolação do novo pedido.

Disputa de Rumble e Trump Media contra Moraes
No mês passado , ambas as empresas pediram o pagamento de uma indenização por Moraes por prejuízos à reputação, perdas de receita e oportunidades de negócio. O pedido foi protocolado a partir de um adendo na ação judicial contra o magistrado no Tribunal do Distrito Médio da Flórida, nos Estados Unidos.

Desde fevereiro, as plataformas acusam o ministro de violar a Primeira Emenda da Constituição americana, que garante a liberdade de expressão, ao ordenar a remoção de contas de influenciadores brasileiros de direita na Rumble e por outras "tentativas de censura".

As companhias também solicitam que as ordens emitidas por Moraes sejam declaradas inexequíveis em território norte-americano, por supostamente violarem a Primeira Emenda e leis locais, como a Lei de Decência nas Comunicações. Além disso, Rumble e Trump Media pedem que seja reconhecida a responsabilidade pessoal de Moraes pelas alegadas violações. Diante da repercussão, o governo brasileiro escalou a Advocacia-Geral da União (AGU) para acompanhar o caso e avaliar as acusações feitas contra o ministro do STF.