TELEVISÃO

"Aberto ao Público" aposta na interação com plateia e famosos e acerta mais do que tropeça na Globo

Comandado pelos humoristas Bruna Louise, Murilo Couto, Thiago Ventura e o próprio Meirelles , "Aberto ao Público" recebe em cada edição um convidado famoso

"Aberto ao Público", da Globo - Divulgação

Criado por Maurício Meirelles e exibido aos domingos, logo após o Fantástico, “Aberto ao Público” reinventa o humor da Globo com uma proposta que mistura stand-up, improviso e celebridades em clima descontraído.

Com direção de Gui Cintra e Daniel Nascimento, o programa terá apenas quatro episódios, ocupando a grade nas férias de julho. O formato é ágil, espontâneo e claramente feito para entreter de forma leve. Mas, apesar de bons momentos, ainda oscila entre piadas inspiradas e outras com um sabor imaturo e de recreio escolar.

Comandado por um quarteto de humoristas — Bruna Louise, Murilo Couto, Thiago Ventura e o próprio Meirelles —, “Aberto ao Público” recebe em cada edição um convidado famoso que atua como uma espécie de mestre de cerimônias.

Essa figura central apresenta quadros, interage com o público e serve de combustível para as brincadeiras no palco. Os nomes escalados foram Deborah Secco, Marcos Pasquim, Gracyanne Barbosa e o comentarista Denílson, que protagonizou o primeiro episódio.

A dinâmica é simples, mas eficiente: histórias pessoais e a própria trajetória dos convidados inspiram os quadros, enquanto a plateia assume papel ativo e decisivo em diversas situações.

Com Pasquim, por exemplo, o público ajudou a tentar encontrar um pretendente para uma senhora solteira. Já com Denílson, foi convocado a disputar quem fazia mais embaixadinhas. Essas participações ajudam a criar um ambiente vivo e imprevisível, ainda que o sucesso dependa bastante do carisma do convidado e da criatividade dos anônimos.

O grande trunfo do “Aberto ao Público”, no entanto, é o quadro “Passa o Telefone”, no qual Meirelles assume o controle do celular da celebridade convidada. A partir daí, ele publica conteúdos nas redes sociais e interage com outras figuras famosas em nome do titular do aparelho.

No caso de Denílson, causou tanto rebuliço ao anunciar que ele seria técnico interino da Seleção Brasileira que o boato precisou ser desmentido no dia seguinte, ao vivo, no “Globo Esporte”. Com Pasquim, brincou sobre um falso remake da novela “Kubanacan” com Fiuk em um papel de destaque, além de trocar mensagens hilárias com Rodrigo Lombardi e Tatá Werneck.

O quadro rende risadas genuínas e já virou uma espécie de espinha dorsal do programa, ocupando mais de um terço da duração total — são mais de dez minutos dedicados, em um formato de aproximadamente meia hora.

Outro momento interessante é o “Pergunta para o Famoso”, em que integrantes da plateia fazem qualquer pergunta ao convidado. Caso ele se recuse a responder, a pessoa leva R$ 50. A proposta é boa, mas depende bastante da ousadia e da criatividade dos escolhidos.

Em um dos episódios, por exemplo, Pasquim se recusou a revelar o nome de uma famosa com quem teria tido um envolvimento que, segundo ele, ninguém sabe. Apesar dos acertos, nem tudo funciona. Algumas piadas são previsíveis e flertam com um humor adolescente, que pode soar deslocado.

Do ponto de vista técnico, a edição é rápida e os quadros se alternam com fluidez. A participação dos humoristas fixos é equilibrada, com espaço para improvisos e marcações bem executadas. Já a audiência, com média de 9,2 pontos nos dois primeiros episódios na Grande São Paulo, ainda não permite uma leitura clara sobre o futuro dessa faixa de horário.

Não é um fenômeno, mas tampouco passou despercebido. No fim das contas, “Aberto ao Público” é um experimento simpático, que se apoia na exposição bem-humorada de celebridades. Pode não revolucionar o humor na tevê, mas entrega diversão rápida, com uma pitada de caos.

“Aberto ao Público” – Globo – Domingo, na faixa das 23h.