investigação

AGU avalia investigação sobre informações para lucro com venda de dólares após tarifas de Trump

Jornal Nacional revelou movimentação suspeita no mercado de câmbio americano na tarde em que medida foi anunciada

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - Andrew Caballero-Reynolds/AFP

A Advocacia-Geral da União (AGU) avalia pedir à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal (MPF) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que investiguem se investidores do mercado brasileiro lucraram de maneira suspeita com as oscilações do valor do dólar frente ao real no dia do anúncio do tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A solicitação tem como origem uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, que revelou uma movimentação bilionária de compra e venda de dólares no mercado de câmbio americano, em aposta contra a moeda brasileira, na tarde em que a medida econômica foi anunciada.

A apuração requisitada vai mirar se houve o uso de informação privilegiada, prática conhecida como “insider trading” e que configura crime.

De acordo com o Jornal Nacional, às 13h30 de 9 de julho, no horário de Washington, houve uma compra da ordem de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões, quando o dólar valia R$ 5,46. Dois minutos após o anúncio de Trump, que ocorreu às 16h17, a mesma ordem de grandeza da moeda americana foi vendida, agora com a cotação a R$ 5,60.

A reportagem analisou gráficos que mostram a movimentação do câmbio e, ouvindo especialistas, calculou um possível lucro de 40% a 50% num intervalo de três horas com a operação.

Movimentações semelhantes, segundo o Jornal Nacional, aconteceram com relação a moedas de outros países que também foram alvos de tarifas elevadas. Parlamentares americanos também apontaram a suspeita de manipulação do mercado financeiro e pediram investigações, mas nenhum caso foi adiante até o momento.