Exército muda batalhão de lugar e esvazia unidade responsável pelos "kids pretos"
Decisão foi assinada pelo general Tomás Paiva; denunciados pela trama golpista integravam grupo
O Exército brasileiro redefiniu parte de sua organização e retirou do Comando de Operações Especiais, unidade de elite que ficou conhecida por abrigar os chamados "kids pretos", o controle do Batalhão de Operações Psicológicas. Agora, o batalhão passa a ser subordinado ao Comando Militar do Planalto.
A portaria decretando a mudança foi assinada no dia 10 de julho pelo general Tomás Paiva, comandante da Força. Na prática, a unidade sai de Goiânia e passa ser sediadoaem Brasília.
Integrantes dos "kids pretos" são acusados de participação na trama golpista que teria orbitado o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após a derrota nas urnas em 2022.
Eles são uma espécie de "tropa especial" do Exército, formada para atuar em missões confidenciais de alto risco e “operações de guerra irregular” – como guerrilha urbana, insurgência e movimentos de resistência.
O apelido de "kid preto" tem a ver com a cor do gorro usado por esses militares. No total, 12 dos 23 membros das Forças Armadas incluídos na denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, são "kids pretos".
Na investigação, a Polícia Federal (PF) aponta que integrantes do grupo usaram técnicas militares para incitar a tentativa de golpe de Estado no país e criar um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro proibido de falar com os kids pretos
Na mesma decisão que determinou o uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro, o ministro do STF Alexandre de Moraes também proibiu o ex-presidente de falar com os acusados de estarem envolvidos na trama golpista. Entre eles, estão os "kids pretos".
Além dos militares, a lista inclui seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado, e diversos aliados, como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid, seu ex-assessor Tércio Arnaud e outros integrantes de sua administração, como Walter Braga Netto (que está preso), Filipe Garcia Martins e Augusto Heleno.
Moraes proibiu ainda Bolsonaro de se comunicar com embaixadores e "quaisquer autoridades estrangeiras".
O ex-presidente precisa, inclusive, manter uma distância de 200 metros de qualquer embaixada.