Recife tem crescimento de 10,9% na oferta de empregos da área de Tecnologia da Informação
Capital pernambucana se destaca no cenário nacional, já que o Brasil apresentou um incremento três vezes menor, de 3,31%
O Recife voltou a se destacar na geração de empregos em tecnologia, se posicionando como ambiente promissor para a economia digital. Segundo dados do Novo Caged, a capital pernambucana registrou um crescimento de 10,9% nas vagas formais do setor de tecnologia, informação e comunicação entre maio de 2024 e maio de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Com o incremento, a capital pernambucana se destaca no cenário nacional, já que na análise, o Brasil apresentou um crescimento três vezes menor, de 3,31%. Enquanto a cidade vem de um histórico de crescimento contínuo, triplicando os números apresentados em 2023, o país não recua – já que o mercado de tecnologia se mantém em alta – mas demonstra um certo estacionamento nas métricas.
Para o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, Recife sobressai na análise pela organização prévia do ecossistema tecnológico e o potencial de formação de novos talentos exercido pelo parque tecnológico.
“Mas no Recife, ele (o setor) está crescendo de maneira muito mais acentuada, porque o principal diferencial competitivo é ter um ecossistema organizado aqui. Então, a empresa quando escolhe vir para cá, ela tem capital humano para produzir, ao mesmo tempo, tem também uma rede de mais de 400 possíveis fornecedores e parceiros”, lembrou Lucena.
Vagas
A área com maior oferta de vagas atualmente no Recife é a de desenvolvimento de software, segundo o presidente do Porto Digital. Ele explica que, além dos desenvolvedores, há uma demanda crescente por profissionais de outras áreas que passam a atuar com aplicações tecnológicas.
Essa demanda, de acordo com Lucena, reflete uma tendência global. A diferença é que o Recife se antecipou e se preparou para esse movimento por meio dos programas de formação profissional.
“Hoje, temos o dobro de alunos matriculados em cursos de tecnologia no ensino superior, em comparação com a média nacional. Isso faz toda a diferença para o setor”, completou.
Aumento
O crescimento na oferta de empregos também está diretamente relacionado à expansão do número de empresas instaladas na cidade e ao aumento do faturamento gerado por elas. Entre 2018 e 2024, o Porto Digital, por exemplo, passou por uma transformação expressiva.
Nesse período, o número de empresas instaladas no ecossistema saltou de 250 para 475. O faturamento anual também acompanhou esse crescimento, passando de R$ 1,8 bilhão, em 2018, para R$ 6,2 bilhões em 2024. No mesmo intervalo, a geração de empregos mais do que dobrou: eram cerca de 9.500 profissionais atuando no parque tecnológico em 2018, número que chegou a 21.500 em 2024.
Além dos números que puxam inevitavelmente uma maior demanda por mão de obra, Pierre também destacou os programas de formação como os principais impulsionadores dessa marca.
“Nesse ano já está prevista a contratação de ao menos 300 pessoas e por aí vai. Então, assim, a atração de grandes negócios, o projeto de formação, tem se mostrado uma estratégia vitoriosa pra gente conseguir atrair grandes negócios”.
As contratações as quais Lucena se refere são as vagas anunciadas pela unidade recém-chegada da Ernst & Young, instalada para prestar serviços de consultoria nas áreas de plataformas como SAP e service now, desenvolvimento de software, automação de processos, testes e cyber security.
Nesse ritmo, a empresa deve duplicar o número de contratações em um prazo de 18 meses além de investir na formação de novos profissionais, de acordo com o sócio de Managed Services e líder da nova unidade, Aurelio Rodrigues.
Formações
O Recife é a capital com mais alunos de tecnologia por número de habitantes do Brasil, com 658 alunos matriculados por 100 mil habitantes, aumento de 15% em relação à pesquisa anterior, de acordo com o último levantamento do Censo da Educação Superior, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Ativo, o Porto Digital já desenvolve o programa Embarque Digital, uma iniciativa da Prefeitura do Recife, em parceria com o parque tecnológico, que oferece bolsas de estudo para a formação de estudantes em situação de vulnerabilidade social. O governo de Pernambuco também deve se integrar a essa frente, ampliando o alcance das ações de qualificação profissional no setor.
Segundo o presidente do Porto Digital, está em curso um projeto-piloto, em parceria com o governo do estado, voltado à capacitação de profissionais de outras áreas em tecnologias de aplicação. A proposta é ampliar o acesso ao setor de TI por meio de formações práticas.
“Um contador, por exemplo, pode fazer um curso de SAP e passar a atuar com sistemas”, explicou. A iniciativa busca formar perfis diversos para atender a uma demanda cada vez mais crescente por mão de obra qualificada em tecnologia.
Futuro
A expectativa do Porto Digital é de continuidade nesse ritmo de crescimento. “Temos duas frentes: criação de novos negócios e atração de empresas já consolidadas”, afirmou.
A chegada de grandes players, como Bradesco, Deloitte, Ernst & Young e NSN, também reforça a confiança das empresas no potencial do Recife. Para Pierre, o ecossistema estruturado e a formação constante de profissionais tornam a cidade especialmente atrativa: “Outras cidades têm polos tecnológicos, mas nem todas têm um ecossistema tão bem organizado. Isso dá segurança para quem investe aqui”, reiterou.