Curso de moda com fuxico busca autonomia financeira para mulheres da Ilha de Itamaracá
Formação gratuita começa nesta quarta (23) e une tradição artesanal à geração de renda e valorização cultural
Mulheres da Ilha de Itamaracá, no Litoral Norte de Pernambuco, iniciam nesta quarta-feira (23) o curso “Fuxiqueiras da Ilha”, voltado ao aprendizado da técnica do fuxico como ferramenta de geração de renda e fortalecimento da cultura local.
A formação será realizada no Centro Cultural Estrela de Lia, na praia de Jaguaribe, e é voltada exclusivamente a moradoras da Ilha.
O curso é gratuito e dividido em dois módulos. O primeiro, financiado com recursos de emenda parlamentar via Ministério da Cultura, será conduzido pela estilista Gabrielly Dantas, empreendedora da Ilha e cofundadora dos projetos Casa de Sal e Cabrochas.
As aulas abordarão o domínio técnico do fuxico e sua aplicação estética, com inspiração nos figurinos da cirandeira Lia de Itamaracá.
A artesã Edna Dantas, mãe de Gabrielly, atua como assistente na formação. Na segunda etapa, as participantes irão criar uma coleção cápsula com base na técnica tradicional.
O módulo integra o projeto “Economia da Ciranda – Moda e Culinária Tradicional das Mulheres da Ilha”, aprovado pelo edital “Empoderamento de Mulheres Negras”, da Fundação Banco do Brasil.
Além da produção das peças, o grupo será orientado na formalização de uma associação e na criação da marca própria “Fuxiqueiras da Ilha”.
Essa fase será ministrada por Mestra Lívia, artesã com mais de 50 anos de experiência em fuxico e bordado, com atuação em grupos produtivos de Pernambuco.
Ela terá o suporte da designer e pesquisadora Ana Peroba, doutora em Design com foco em moda e artesanato.
Segundo a coordenadora do curso, Michelle de Assumpção, a formação busca consolidar uma atividade sustentável na comunidade.
“Itamaracá sempre teve uma forte relação com o artesanato. Essa formação é uma forma de fortalecer a vocação do Centro Cultural Estrela de Lia de trabalhar com e para a sua própria comunidade”, afirma.
Para Mestra Lívia, o projeto representa mais do que uma qualificação técnica.
“É uma oportunidade de mobilização coletiva, onde saberes tradicionais se unem a técnicas contemporâneas para ampliar a geração de renda e o protagonismo feminino na Ilha de Itamaracá.”