Zika e Covid: estudo acompanha quatro mil pernambucanas para investigar impactos de doenças
Maior estudo de painel na América Latina convida novas mulheres para mais uma etapa no questionário sobre saúde reprodutiva
Quatro mil pernambucanas participam do estudo internacional DeCode Zika e Covid (DZC), que investiga como tais doenças afetaram a saúde reprodutiva das mulheres, especialmente em contextos de vulnerabilidade social. O projeto iniciou a coleta de dados em 2020 e, neste ano, chega à quarta rodada de entrevistas. Além de contactar mulheres que já responderam às pesquisas, a iniciativa abre espaço para novas participantes.
Liderado pela demógrafa Letícia Marteleto (Universidade da Pensilvânia) e coordenado no Brasil pela socióloga Ana Paula Portella, a pesquisa quantitativa é direcionada para mulheres que vivem na Região Metropolitana do Recife e estejam dentro da faixa de idade de 24 a 39 anos. A coleta de dados será feita de forma presencial, por meio de visitas domiciliares realizadas por pesquisadoras.
Em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, nesta quinta-feira (24), a socióloga Ana Paula Portella destacou que os impactos da pandemia da Covid-19 são mais amplos que os da zika, já que esta fica mais focada em um problema especificamente de saúde.
“A maior parte das entrevistadas tem receio de engravidar estando com zika e parte delas, cerca de 30%, repensou os planos em relação a ter filhos, devido à questão da microcefalia. A Covid é um pouco diferente, as marcas são mais amplas, porque a Covid teve outros impactos, muitas mulheres relataram dificuldades em manter o mesmo padrão de vida, queda no nível de vida, algumas dificuldades até em se alimentar”, revelou.
A pesquisa começou em maio e deve se estender até outubro. Nela, as mulheres responderão a três conjuntos de perguntas, uma de caráter reprodutivo, outra para determinar o perfil delas e, por fim, um questionário sobre o conhecimento em arboviroses e o risco do ponto de vista climático.
“A expectativa é que nossos dados possam ajudar a compreender a situação e que possa realmente auxiliar o poder público a desenhar políticas públicas que sejam mais eficazes. Infelizmente, é possível que a gente viva outros períodos de epidemia e pandemia, a gente sabe que isso não está inteiramente controlado”, expõe a socióloga.
Segundo Ana Paula Portella, das entrevistadas, poucas tinham filhos com microcefalia. Ela conta que a pesquisa não selecionou território e as entrevistadas foram sorteadas.
“As mulheres de renda alta moram em locais que são muito protegidos, condomínios verticais ou horizontais que barram a nossa pesquisa antes mesmo de entrar em contato diretamente com a mulher que seria entrevistada e isso nos impede de chegar até ela. É importante que essas mulheres também participem. Caso tenha dúvida, fale com a gente pelo Instagram no @decodificandozc”, pede a socióloga.
Mais informações sobre a pesquisa estão disponíveis no site oficial do projeto: https://web.sas.upenn.edu/dzc-pt/