Trinta e um PMs foram assassinados no estado do Rio entre janeiro e julho; 19 estavam de folga
Em 24 horas, morreram dois sargentos
Mais um policial militar foi morto ontem no estado, o segundo em menos de 24 horas. Já são 31 mortes de agentes da corporação este ano, número que supera o do mesmo período de 2024. Desses, 19 estavam de folga, cinco em serviço e sete eram reformados. O caso mais recente foi o do sargento Thiago do Amaral Lacerda, de 38 anos, baleado na Linha Vermelha ao abordar ladrões de carro na madrugada de ontem. Ele deixou esposa e duas filhas.
Policiais do 15º BPM (Duque de Caxias) foram acionados para verificar supostos roubos de carro por traficantes do Comando Vermelho na via expressa, na altura da Favela do Lixão, próximo à Rodovia Washington Luís. De acordo com a ocorrência, ao chegar ao local indicado, os agentes foram atacados a tiros e houve intenso confronto. Lacerda foi baleado, assim com um dos suspeitos. Os dois foram socorridos, mas morreram quando eram atendidos no hospital.
Em nota, a Polícia Militar lamentou a morte do sargento e informou que ele estava na corporação havia 13 anos. O secretário Marcelo de Menezes Nogueira comentou a perda no Instagram. “Nosso policial foi covardemente atingido enquanto cumpria seu dever com coragem e honra, combatendo indivíduos que aterrorizavam motoristas na Linha Vermelha”, escreveu. Em todo o ano passado, 37 policiais militares foram mortos em diferentes situações — 25 estavam de folga, dez em serviço e dois eram inativos.
A morte do sargento está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), também responsável pela apuração de outros seis homicídios de PMs ocorridos este ano.
— Não é razoável que policiais morram durante o seu trabalho. No Rio de Janeiro, a logística da PM está em conflito com a disponibilidade de equipamentos e com as táticas de rotina. Não é o crime organizado que está mais forte, é a falta de políticas de segurança e de gestão que vulnerabiliza os agentes — destaca Jacqueline Muniz, professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Tentativa de assalto
Diferentemente de Lacerda, o sargento Tulio de Siqueira Maia, do 24º BPM (Queimados), foi assassinado anteontem durante a folga. Ele foi baleado ao sair de uma lanchonete na Avenida Intendente Magalhães, em Vila Valqueire, na Zona Oeste do Rio, onde estava acompanhado da esposa. Pessoas que estavam no local o levaram para o Hospital Estadual Carlos Chagas, na Zona Norte, mas ele não resistiu aos ferimentos. A principal linha de investigação é a de que tenha sido vítima de uma tentativa de assalto.
O caso está com a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que tenta esclarecer outras 21 mortes de PMs, ocorridas entre janeiro e julho. Delas, nove foram em consequência de latrocínios, cinco em operação e oito em circunstâncias diversas — como execuções ou decorrentes de brigas e discussões.
Um levantamento do Instituto Fogo Cruzado, a pedido GLOBO, revela que as mortes de policiais militares na Região Metropolitana do Rio aumentaram 64% em comparação ao primeiro semestre do ano passado. Até o momento, foram registradas 28 mortes nos 22 municípios que a compõem — no período de 2024, foram 17. O total de agentes feridos a tiros segue o mesmo padrão, com crescimento de aproximadamente 31% de um ano para o outro.