Olinda

Guarda municipal armada em Olinda divide opinião de moradores e trabalhadores do Sítio Histórico

Porte de arma dos profissionais foi autorizado pela Prefeitura de Olinda, nessa segunda (28)

Segurança no Sítio Histórico de Olinda - Foto: Davi de Queiroz/Folha de Pernambuco

A autorização do porte de arma de fogo dos guardas municipais de Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), dividiu a opinião de moradores e trabalhadores do Sítio Histórico da cidade.

Para Allyan Danielly, de 31 anos, que trabalha em uma loja nos arredores da Igreja da Sé, o armamento vai piorar a questão da segurança na parte histórica da cidade. 

“Vai piorar, vão roubar as armas deles. Não tem treinamento, como é que vai armar a guarda municipal? Sou totalmente contra”, afirmou Allyan, que ainda criticou a ausência de efetivo no Sítio Histórico.

 “Todo dia de manhã, eles chegam, tiram as fotos e vão embora”, criticou.

Outra moradora que se posicionou contrária à autorização do porte de arma da guarda municipal foi Michele Albuquerque, de 38 anos. A moradora do Sítio Histórico, que trabalha como produtora em uma rádio, disse acreditar que não terá muita mudança na prática.

“Sinceramente, eu acho que não vai fazer muita diferença. Eu acho que a gente tem que ter até mais cuidado como morador. Várias vezes eles estão na rua, a gente fala e eles não fazem nada. Tem uns que ficam até com raiva dos moradores, porque está denunciando”, argumentou.

Para o comerciante Manoel Gomes, de 63 anos, o armamento pode ser benéfico para os guardas, mas ponderou que é preciso estar atento ao portador da arma. 

“É muito ‘solto’, porque você não sabe quem está usando essa arma. Mas, de uma certa forma, eu acho que vai melhorar para eles, até para se resguardarem mais, pois agora eles vão ser mais respeitados”, argumentou Manoel Gomes.

Outra moradora que argumentou ser a favor do armamento da guarda municipal foi Sandra Helena, de 68 anos. Ela, no entanto, destacou que é necessário que os profissionais sejam capacitados para ter o porte de arma. 

Porte de arma da guarda municipal
A autorização do porte de arma da guarda municipal foi comunicada pela Prefeitura de Olinda, nesta segunda (28). Segundo a gestão, que classifica esse como um "marco importante para a segurança pública da cidade", o efetivo passou por uma "rigorosa formação" supervisionada pela Polícia Federal (PF).
 

Prefeitura de Olinda informou que a Guarda Municipal de Olinda conta com um efetivo de 154 agentes. Foto: Reprodução/Instagram

A primeira etapa da autorização prevê oito guardas municipais do efetivo atuando armados. Posteriormente, outros 72 integrantes da corporação serão autorizados - esses profissionais já estão em processo de qualificação, de acordo com a prefeitura.

"A liberação é resultado de um processo rigoroso de capacitação, avaliação e fiscalização. Os agentes passaram por um curso de armamento e tiro com carga horária de 100 horas-aula, avaliação supervisionada por integrantes da Delegacia de Controle de Armas e Produtos Químicos", afirmou a prefeitura.

A prova final foi supervisionada presencialmente por agentes da PF. "Os guardas também foram submetidos a exame psicotécnico e aprovados", completou a Prefeitura de Olinda.

Em nota enviada à Folha de Pernambuco, a Prefeitura de Olinda informou que a Guarda Municipal de Olinda conta, atualmente, com um efetivo de 154 agentes que atuam na proteção do patrimônio público e na organização da cidade. 

Ainda segundo a gestão, a carga horária dos agentes é de 180 horas mensais, com escalas organizadas para garantir presença em diferentes pontos do município. Eles atuam em diversas localidades, de acordo com as demandas da cidade.

A sede da corporação está localizada nas imediações do Sítio Histórico, na Rua Felipe Camarão, 177B, bairro de Umuarama.

Insegurança no Sítio Histórico
Durante a reportagem da Folha de Pernambuco feita no Sìtio Histórico, além de opinarem sobre a guarda municipal, todos os entrevistados também questionaram à respeito da falta de segurança na região.

“Não podemos abrir uma janela, não pode abrir uma porta, que aí já vem pessoas abordando a gente de uma forma bem agressiva. E no momento que a gente abre, é o momento que eles acabam abordando a gente de uma forma violenta. Se você não der o que ele quer, ele ameaça e logo em seguida já começa os furtos”, afirmou Michele, que já teve cadeados, refletores e até fios de ar-condicionado de sua casa roubados.

“Eu tenho dez câmeras e cerca elétrica na casa toda, grade… A gente não tem mais o que fazer, só se eu comprar colete de bala”, afirmou Sandra.
 

Moradores do Sítio Histórico de Olinda vivem preocupados com a falta de segurança. Foto: Davi de Queiroz/Folha de Pernambuco

Ainda em nota, a prefeitura de Olinda reiterou que, “embora a Guarda Municipal ofereça suporte importante à população, a segurança pública é uma atribuição do Governo do Estado, por meio da Polícia Militar”, disse.

O que diz a Polícia Militar?

Em nota, a Polícia Militar informou que o policiamento no Sítio Histórico de Olinda é realizado diariamente pela Companhia Independente de Apoio ao Turista (CIATur), por meio de efetivo motorizado e a pé. "São lançados ainda policiais em motocicletas além de viaturas extraordinárias e operações como a Impacto Integrado e a Fecha batalhão, que reforçam o policiamento no local", informou a corporação.

De acordo com a PMPE, neste mês, os crimes violentos contra o patrimônio apresentam a redução de 75% quando comparado com o mesmo período do ano passado. A corporação aproveitou para abordar a importância da população fazer um registro da ocorrência.
 
"Ratificamos a importância do registro da ocorrência no momento do crime, através do 190, se possível com as características dos suspeitos, para que desta forma a Polícia Militar possa agir de forma mais rápida. Orientamos também o registro de boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil para que desta forma sejam traçadas novas estratégias de segurança para o local", frisou.