Opera acusa Microsoft de favorecer Edge e restringir concorrência entre navegadores
Segundo a Opera, a Microsoft estaria abusando de sua posição dominante no mercado de sistemas operacionais para favorecer o navegador dela
A empresa norueguesa de navegadores Opera apresentou nesta quarta-feira (30) uma representação formal ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a Microsoft, acusando a companhia de adotar medidas que restringem a concorrência entre navegadores nos computadores com Windows.
Segundo a Opera, a Microsoft estaria abusando de sua posição dominante no mercado de sistemas operacionais para favorecer o seu navegador, o Edge. A empresa afirma que a Microsoft oferece incentivos agressivos a fabricantes de PCs para que instalem exclusivamente o Edge e o definam como navegador padrão em todos os dispositivos.
A representação também aponta que a Microsoft adota medidas para desencorajar o uso de outros navegadores. Entre os exemplos citados estão os chamados programas de incentivo “tudo ou nada”, que condicionam benefícios aos fabricantes para manter apenas o Edge pré-instalado; e o uso de práticas de design enganosas, que dificultam a instalação ou definição de outro navegador como padrão.
Além disso, a empresa norueguesa acusa a Microsoft de desrespeitar a escolha do usuário ao abrir arquivos PDF, links no Outlook, resultados de busca do Windows, widgets e até o Microsoft Teams. Todos esses conteúdos são abertos diretamente no Edge, mesmo quando outro navegador foi configurado como padrão, diz a Opera.
Outro ponto levantado pela Opera é que, em dispositivos com o sistema operacional no chamado “modo S” (versão para o setor educacional e corporativo), a troca do navegador padrão chega a ser totalmente bloqueada. A empresa também critica mensagens ambíguas e banners exibidos no próprio Edge no momento em que o usuário tenta buscar navegadores concorrentes, desencorajando a mudança.
— Eles desencorajam o usuário em instalar um outro navegador. Como? Ao fazer o download de outro navegador, aparece uma mensagem dizendo: olha, o Edge é o navegador indicado pelo Windows, te desencorajando a seguir. Você clica e segue. Então, você escolher esse navegador como seu navegador padrão, mas o sistema continua apontando para o Edge — diz Juliana Psaros, líder de marketing da empresa.
A empresa relata ter sido procurada por usuários que enfrentam dificuldades para definir a Opera como navegador padrão. Alega também que há precedentes semelhantes na Europa, como no Reino Unido e na Alemanha, onde práticas semelhantes já são alvo de investigação por autoridades locais.
A escolha de ingressar com a representação no Brasil se deve à relevância do mercado nacional. Atualmente, a Opera é o terceiro navegador mais usado no país, respondendo por 7% do mercado nacional.
— Estamos falando de um país com mais de 212 milhões de habitantes e 89% deles têm acesso à internet. Somos o segundo país no ranking de pessoas que passam mais tempo na internet, 9 horas e 13 minutos em média.
Na petição, a Opera pede que o Cade adote medidas para impedir que a empresa continue exigindo a instalação exclusiva do Edge e bloqueando a configuração de navegadores concorrentes como padrão.
Também solicita que a Microsoft deixe de vincular a entrega de dispositivos no modo S a descontos na licença do Windows; abandone estratégias persuasivas que levem os usuários ao Edge sem um consentimento claro; e garanta uma escolha real, clara e acessível por meio de uma tela de seleção que apresente as principais opções de navegadores disponíveis para usuários de PC.