Com Zambelli presa e Eduardo Bolsonaro fora do país, PL busca novos puxadores de voto em SP
Deputados foram os mais votados do estado em 2022
A prisão da deputada Carla Zambelli (PL-SP) nesta terça-feira, aliada à permanência de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos há meses, intensificou a busca do Partido Liberal por novos nomes com potencial de puxar votos em São Paulo nas eleições de 2026. Ambos foram decisivos em 2022: Zambelli recebeu 946.244 votos, sendo a terceira deputada federal mais votada do país. Eduardo somou 741.701 votos, o terceiro maior número em São Paulo.
Agora, os dois são considerados fora do páreo. Zambelli foi detida na Itália, após condenação por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e pode ser extraditada para o Brasil. Na volta do recesso parlamentar, a Câmara deve analisar o pedido de cassação de seu mandato, já protocolado. A avaliação entre dirigentes do PL é que sua situação é “irreversível”, o que a retira do tabuleiro eleitoral de 2026.
Eduardo Bolsonaro, por sua vez, está afastado do mandato desde março e segue nos Estados Unidos, mesmo após o fim de sua licença oficial. Com o prazo expirado, aliados se mobilizam para evitar a perda automática do mandato, discutindo alternativas como a formalização do trabalho remoto ou uma nomeação em uma secretaria estadual que justificaria sua ausência. O caso ainda está sob análise, mas pode culminar em uma perda de mandato por falta.
Apesar da indefinição sobre seu futuro imediato, Eduardo afirma que pretende disputar uma vaga no Senado em 2026, com apoio declarado do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Em junho, Valdemar exaltou o trabalho do deputado:
— Não tem ninguém que trabalhe mais no partido. Não tem um político no Brasil que se dedique à causa como Eduardo Bolsonaro. Nunca vi isso na minha vida — disse durante evento.
Diante do vácuo deixado pelos dois parlamentares, o partido começou a sondar alternativas entre nomes com desempenho expressivo nas urnas em 2024. Em São Paulo, os vereadores Lucas Pavanato e Zoe Martinez, ambos do PL, despontam como potenciais puxadores de voto.
Pavanato foi o vereador mais votado da capital, com 161.386 votos, o maior resultado para o cargo em todo o país. Zoe, em sua primeira disputa, conquistou 60.272 votos e se destacou como um novo rosto do bolsonarismo. Os dois têm presença ativa nas redes sociais e forte apelo entre o eleitorado conservador, o que reforça seu potencial de transferência de votos em disputas proporcionais.
Outro nome avaliado é o de Renato Bolsonaro, irmão do ex-presidente. Ele atua como assessor parlamentar e já disputou eleições municipais no interior paulista em oito ocasiões e só conseguiu se eleger uma púnica vez, em 1996, como vereador de Praia Grande. Embora tenha menor projeção nacional, aliados acreditam que ele poderia herdar parte do capital político da família, com Zambelli e Eduardo de fora.
O cenário eleitoral de 2026 em São Paulo é considerado estratégico para o PL, que em 2022 conquistou a maior bancada da Câmara dos Deputados em parte graças ao desempenho de seus puxadores de voto no estado. O partido conquistou 17 das 70 vagas paulistas. Com o enfraquecimento de nomes-chave e o agravamento da crise jurídica envolvendo Jair Bolsonaro, a legenda tenta se reorganizar para manter protagonismo no maior colégio eleitoral do país.