opinião

Manda quem pode e obedece quem tem juízo

À luz do atual contexto global, talvez seja necessário enfatizar a necessidade de um alerta mais forte, com direito a sirenes, abrigos de pedra e cal e políticos.

Como um perigoso fenômeno observamos, estarrecidos, que até os autodenominados “xerifes” do mundo deram as costas ao coletivo comunitário, para cuidar isoladamente de seus exclusivos e particulares interesses, ora com ameaçadoras palavras e expressões de ira, ora pela truculenta e poderosa força física.

Admitindo a máxima de que “a união faz a força”, por ironia ou medo de que o ruim possa piorar, a União Europeia, única contrapartida capaz de reagir minimamente à agressão desmedida dos “donos do mundo”, resolveu ceder, acatando em grande parte a contundente e descabida proposta econômica/comercial de seu tradicional parceiro, que comemora com caras e bocas a conquista política alcançada, cujos estilhaços atingem todos nós da banda menos privilegiada da aldeia global, infelizmente parecendo confirmar que “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.

Sendo assim, continuamos à procura de um estadista, equilibrado, com visão coletiva de mundo, poderoso, respeitado e respeitável do ponto de vista humanitário, preferencialmente democrata, capaz de enxergar o lado de dentro e de fora de suas fronteiras geográficas e políticas, referência e exemplo a ser seguido, acolhedor na compreensão, tolerante na discórdia, expert no saudável exercício do contraditório.

A esperança de que possamos vivenciar o surgimento desse redentor personagem como fenômeno no anonimato da multidão universal talvez pareça pura utopia, outrossim é bom lembrar que em poucos momentos da milenar história da humanidade temos registros desses seres especiais, dotados de raras e por vezes até singelas, mas mágicas qualidades capazes de induzir multidões à receita do bem ou do mal.

Saber tratar, se comunicar civilizadamente, inspirar confiança e proteção, pode até aludir, ainda que pejorativamente a alcunha de “xerife” da comunidade global, fora disso realmente é melhor esperarmos a prometida volta do “Salvador”, com abraços fraternos ao invés de chutes e tapas, portas abertas aos mais necessitados e famintos, jogando comida e remédios de paraquedas ao invés de bombas.

Por incrível que pareça, a despeito da enorme dificuldade podemos sair engrandecidos do impasse que se apresenta, ajudando o mundo a se preparar para o que possa advir, liberando um civilizado e firme processo de reação política, econômica e social, observando que a pior das “tarifas” é a tarifa moral, da humilhação, do desrespeito à soberania nacional, da chantagem, lembrando o físico Isaac Newton “a toda ação corresponde reação de igual intensidade em sentido contrário”.

Os loucos e cruéis de hoje estejam certos que já garantiram seu lugar na galeria dos desumanos, demônios da história universal. 
 



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