GOVERNADOR DE MG

Zema defende anistia a Eduardo, mas critica atuação no tarifaço por 'interesse particular'

Governador disse que deputado estaria 'bem-intencionado', mas disse desaprovar apoio do filho de Jair Bolsonaro às novas taxas

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que seria a favor da concessão de uma possível anistia a Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em caso de condenação por ameaça à soberania nacional, mas foi crítico à atuação dele nos Estados Unidos em prol do tarifaço. Em entrevista ao Globo, Zema disse que acredita que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sido "bem-intencionado", mas que os interesses pessoais não poderiam se sobrepor aos do Brasil.

Na visão do mineiro, a situação de Eduardo estaria dentro do mesmo contexto dos acusados de envolvimento na trama golpista e dos presos pelo 8 de janeiro.

— Eu sou da posição de que nós temos de olhar para o futuro, e não ficar remoendo feridas do passado. Quem começa a carregar sentimentos de culpa, de ressentimento, para de andar para frente — respondeu.— Eu sou favorável, sim, está dentro do mesmo contexto, do 8 de janeiro e de outras questões que vêm sendo discutidas.

 

O governador, no entanto, disse que discorda do posicionamento de Eduardo a favor do tarifaço incidido sobre produtos brasileiros. Na semana passada, ao avaliar que a atuação do deputado nos Estados Unidos acabou causando "um problema" para a direita brasileira, Zema foi criticado pelo parlamentar, que respondeu que o mineiro pertencia à "turminha da elite financeira".

— Acho que ele [Eduardo] até tem sido bem-intencionado na questão, mas agora nós não podemos colocar os interesses do Brasil abaixo de um interesse particular de quem quer que seja — afirmou. — Eu não me importo com críticas. Se dependesse de crítica, eu não tinha nem nascido. Acho que elas fazem parte da vida, ainda mais da política.

Zema anunciou hoje, também em entrevista ao Globo, a liberação de um pacote de medidas compensatórias para exportadores do estado afetados pelas novas tarifas. Também observou que, depois de ontem, Minas recebeu "um certo alívio" com a exclusão de alguns produtos da lista de itens taxados, mas disse que a sobretaxação do café ainda o preocupa.

Na participação na série Diálogos O Globo, o governador fez críticas à atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, de acordo com ele, teria provocado o tarifaço por causa das articulações feitas no âmbito do Brics.

— Nós temos um presidente do Brasil que tem feito críticas contínuas aos Estados Unidos, à política externa, ao dólar e tem se aliado a países hostis aos Estados Unidos, a ditadores e a países autoritários. Está num bloco que não tem nenhuma característica em comum, a não ser questionar a ordem econômica mundial. Não são países democráticos, nem países cristãos na sua essência, não estão numa mesma área geográfica próxima. — alegou. — Agora, um erro não justifica o outro, porque quem está pagando a conta é o brasileiro.