Enviado americano se reúne em Tel Aviv com as famílias dos reféns israelenses
Cercado por seguranças, Witkoff seguiu até a chamada Praça dos Reféns na cidade, onde estavam parentes das 49 pessoas que permanecem em cativeiro em Gaza
O enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio se reuniu neste sábado (2) em Tel Aviv com as famílias dos reféns israelenses que permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza, pouco após o comandante do Estado-Maior de Israel alertar que a guerra continuará "sem trégua" sem a libertação dos sequestrados.
Em 7 de outubro de 2023, combatentes do Hamas atacaram Israel e sequestraram 251 pessoas como reféns, das quais 49 permanecem em cativeiro em Gaza. Deste grupo, 27 foram declaradas mortas, segundo o Exército israelense.
"Steve Witkoff está em uma reunião com famílias de reféns", afirmou à AFP um integrante do Fórum de Famílias de Reféns.
O americano caminhou até a chamada Praça dos Reféns em Tel Aviv, onde parentes das vítimas o receberam com gritos de "Tragam-nos para casa agora".
Witkoff conversou com membros das famílias em um prédio próximo à praça.
Um comunicado do Fórum de Famílias de Reféns informa que, durante o encontro de quase três horas, Witkoff ressaltou "o compromisso do presidente (Donald) Trump, assim como seu próprio compromisso pessoal" para libertar todos os reféns.
"666 dias"
Centenas de pessoas, algumas vestidas de preto e exibindo fotos de seus parentes, protestaram durante a manhã na praça, simbolicamente rebatizada como "Praça dos Reféns".
"Basta", afirmou Michel Ilouz, pai do refém Guy Ilouz. "Quanto mais tempo poderemos continuar sendo atormentados? Em breve chegaremos a dois anos de sofrimento indescritível, 666 dias de trauma", acrescentou.
"A guerra deve acabar. O governo israelense não acabará com a guerra por vontade própria. É preciso detê-lo", declarou Yotam Cohen, irmão do refém Nimrod Cohen.
"Acredito que, nos próximos dias, saberemos se conseguiremos alcançar um acordo para a libertação dos nossos reféns. Em caso contrário, o combate continuará sem trégua", afirmou o comandante do Estado-Maior israelense, o tenente-general Eyal Zamir, segundo um comunicado militar divulgado neste sábado, após uma visita à Faixa de Gaza na sexta-feira.
A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que provocou a morte de 1.219 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
A campanha de retaliação de Israel deixou mais de 60.000 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Crimes de guerra
Desde o início da guerra, Israel sitiou mais de dois milhões de palestinos em um território de 365 quilômetros quadrados, que já estava submetido a um bloqueio israelense por mais de 15 anos.
No início de março, Israel proibiu a entrada de ajuda em Gaza — território totalmente dependente da assistência humanitária —, o que provocou uma grave escassez de alimentos, antes de autorizar no final de maio a entrada de quantidades muito limitadas.
O território palestino está sob a ameaça de uma "fome generalizada", segundo a ONU.
A ajuda que Israel permite entrar por via terrestre e aérea é considerada insuficiente pela ONU e por várias ONGs.
Na sexta-feira, Witkoff se reuniu com habitantes em Gaza, segundo imagens divulgadas por seu gabinete, e prometeu aumentar a ajuda humanitária.
Em um relatório, a Human Rights Watch classificou de "crimes de guerra" os "assassinatos de palestinos que buscavam alimentos por parte das forças israelenses".
"A campanha de falsas acusações sobre uma fome intencional é uma tentativa deliberada, planejada e enganosa para acusar o Tsahal (Exército israelense) — um Exército moral — de crimes de guerra", denunciou o comandante do Estado-Maior israelense.
"O responsável pelas mortes e pelo sofrimento dos moradores de Gaza é o Hamas", reiterou.