opinião

Viva Frei Caneca! Força, Brasil! 2ª Parte

A primeira parte deste assunto foi encerrada com a seguinte frase: “Sem a visão turva, o Brasil é dos brasileiros e só aos brasileiros cabe conduzir os seus destinos. Força”.  

Em continuidade… Como descrito na 1ª Parte, sobre as ameaças à soberania do Brasil, elas foram definidas e aplicadas, agora, com validade a partir do dia 6 de agosto próximo, mediante três medidas, do atual governo dos EUA, sem nenhum diálogo prévio da parte provocadora: 1) suspensão de visto americano para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), sendo preservado os de três deles (uma estranheza, não pela necessidade deles); 2) aplicação da americana Lei “Magnitsky” ao Ministro do STF Alexandre de Moraes (possível embaraço pessoal e de inadequado efeito simbólico); 3) decretação oficial da tarifa de 50% aos produtos importados do Brasil, índice desproporcional em relação aos outros países penalizados (grandes prejuízos para determinados produtos). 

Essas medidas vieram acompanhadas de justificativas fundamentadas em informações falsas e com intenção intervencionista (intromissão nas atividades do país)… Enfim, no contexto geral, amplamente comentado pela população e por especialistas de diversas áreas, a atitude americana trata-se de um ataque à soberania nacional. O povo sentiu o golpe baixo. Ficou visível que a finalidade dos forasteiros é criar uma instabilidade política e econômica, desmoralizar o judiciário e corroer a democracia brasileira (infelizmente com o apoio e trabalho de alguns ignóbeis brasileiros).

Entreguismo, antidiplomacia, radicalismo ideológico, inconformismo eleitoral, golpismo, fomentação de conflitos… são muitas as raízes desses fatos indigestos, todas desprovidas de bom senso e valor, em relação aos aspectos de respeito mútuo entre nações e governos, entre a diplomacia e os negócios internacionais.  

Brasileiras e brasileiros, leitoras e leitores, nada disso estava previsto para acontecer. Não é difícil constatar, pois não existiam pautas sobre os assuntos das improcedentes medidas “yankee”. A nossa democracia está sendo plenamente exercida e seguindo seu caminho, no dia a dia, com a experiência de ter sofrido 21 anos de Ditadura Militar, de triste memória. 

Todavia, quando a insensatez toma lugar e se manifesta, não tem limites. Neste desagradável momento, um grupo de políticos, pouco conhecidos e de preparo sofrível, foi ao recinto da Câmara de Deputados, que estava em recesso, e lá, no plenário, desfraldou a bandeira dos EUA e uma faixa com a foto do presidente D. Trump, amparada por mensagens de apoio, abrindo o verbo… Vocês sabem como classificar essa ofensa ao Congresso Nacional e ao Brasil?

Como disse o Barão de Itararé, em uma máxima, “de onde menos se espera, daí é que não sai nada”.

Será que essas pessoas que apoiam, explicitamente, a interferência de outro país nos assuntos internos do Brasil sabem o que é o exercício da cidadania? Têm noção do que representam os símbolos nacionais? Tudo indica que não.  Devem pensar que os símbolos nacionais são casualidades, são coisas trocáveis, não é mesmo, não significam nada… então, para que o Brasão Nacional, a Bandeira Nacional, o Hino Nacional, o Hino da Independência, o Hino da Bandeira. Ademais, para que a brasilidade, a cultura, a educação e as escolas, que consolidam o espírito da nação… Na verdade, estão jogando tudo no lixo.  

O Brasil reagiu muito bem ao “Decreto de medidas trumpescas”. Certamente, a bravura e o patriotismo de Frei Caneca são uma inspiração, como aprendemos. O governo e as nossas instituições estão sabendo enfrentar as agressões desnecessárias. As empresas afligidas mobilizam-se, tal como os governos estaduais e municipais. Não é fácil lutar contra poderosas nações, principalmente quando elas, ainda por cima, contam com a ajuda de pseudo “patriotas”. 

Resguardar a soberania da nação é um papel que está reservado aos seus filhos. Isto é, zelar pela História. É garantir o futuro pela identidade cultural homogênea construída. 

Observem um exemplo da história, em um período delicado da humanidade, quando o escritor inglês George Orwell, no livro “Por que escrevo”, de sua autoria, fala sobre a maior humilhação da História da França, acontecida durante a Segunda Guerra Mundial, com o nefasto governo colaboracionista do Marechal Philippe Pétain, que se vergou à invasão nazista, com a frágil ideia de paz, através da instalação do chamado governo de “Vichy”, um escape ao entreguismo servil. Ele diz: “Mas o tipo de paz que Pétain, Laval (outra figura execrável) e companhia aceitaram só pode ser obtido por meio da aniquilação deliberada da cultura nacional. O governo de Vichy vai desfrutar de uma independência espúria apenas sob a condição de destruir as marcas características da cultura francesa: republicanismo, secularismo, respeito pelo intelecto, ausência de preconceito de cor”. 

Terminada a guerra, com a derrota dos nazistas, o Marechal Pétain foi imediatamente preso pelos heroicos franceses. A Justiça da França, restaurada, julgou o Marechal Pétain por traição à pátria, sendo ele condenado à morte, sentença depois permutada para prisão perpétua (ele morreu aos 95 anos, na prisão).

Não turvem os olhos, brasileiras e brasileiros, a pátria é sagrada, a pátria é de todos nós, e temos que defendê-la de toda e qualquer agressão. Força!
 


* Administrador de empresas (UFPE), articulista, cervantista (f.dacal@hotmail.com).

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