EX-PRESIDENTE

Motociata, reuniões e live em atos anti-STF: como foram os últimos dias de Bolsonaro antes da prisão

Ex-presidente evitou declarações à imprensa ao longo dos últimos dias, mas teve momentos de exposição pública

Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil - Evaristo Sa/AFP

Antes de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretar sua prisão domiciliar, Jair Bolsonaro passou 17 dias sob medidas cautelares em Brasília, período no qual manteve uma agenda mais restrita, mas não deixou de participar de reuniões e atos de aliados. O ex-presidente buscou se manter politicamente ativo, mesmo com a exposição pública significativamente reduzida.

Nos dias úteis, Bolsonaro compareceu diariamente à sede do PL, onde manteve reuniões com aliados próximos, deputados e membros da cúpula do partido. Nessas ocasiões, buscava demonstrar força política, mas os relatos de parlamentares indicam que ele estava visivelmente tenso e preocupado com o avanço das investigações que o cercavam. Ele também estava fisicamente fragilizado, enfrentando crises de soluço por um problema intestinal que enfrenta desde a facada das eleições de 2018.

Ao longo desses dias, Bolsonaro evitou o contato direto com a imprensa, reduzindo declarações públicas. Em uma das raras ocasiões em que foi questionado pelo Globo sobre a prisão de Carla Zambelli, ele desconversou, respondendo com uma pergunta retórica: “Existe censura no Brasil?” — evitando abordar diretamente o tema.

 

Na terça-feira anterior à prisão domiciliar, Bolsonaro participou de uma motociata em Brasília organizada por seus apoiadores. Apesar de a mobilização ter contado com sua presença, ele optou por não discursar, numa tentativa de evitar atritos mais diretos com o Supremo Tribunal Federal naquele momento.

No domingo, de sua casa em Brasília, Bolsonaro participou remotamente de manifestações com ataques ao STF realizadas em diferentes cidades, por meio de videochamadas transmitidas pelas redes sociais de seus aliados. A decisão do ministro Alexandre de Moraes vedava que suas declarações fossem transmitidas por terceiros nas redes sociais, configurando, para o STF, uma potencial violação das medidas cautelares impostas ao ex-presidente.

Nesta segunda-feira, Bolsonaro deixou sua residência pela manhã e passou o dia na sede do PL, em Brasília. Demonstrando preocupação em cumprir as medidas cautelares, chegou a recusar reuniões após as 17h para não desrespeitar o horário de reclusão, que começava às 19h. Porém, ao retornar para casa no fim do dia, foi surpreendido pela presença dos agentes da Polícia Federal, que cumpriram a ordem de prisão domiciliar determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.