Visita de ex-ministro, advogados e "desânimo": como foi o primeiro dia de Bolsonaro preso
Entre encontros, ex-presidente assistiu televisão e não quis assistir coletiva da oposição; parlamentares ligaram para prestar solidariedade a Michelle
O primeiro dia do ex-presidente Jair Bolsonaro em prisão domiciliar foi marcado por demonstrações de apoio político e por poucas visitas.
Detido em sua casa, em Brasília, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro passou a terça-feira acompanhado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e assistindo a partidas de futebol na televisão.
Segundo interlocutores, Michelle o acompanhava de perto e foi quem recebeu os visitantes autorizados. Estiveram na casa do ex-presidente o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil, e seus advogados. A expectativa é de que a defesa protocole ainda hoje um pedido para reverter a prisão domiciliar.
Segundo interlocutores, Bolsonaro apresentou certo desânimo ao longo do dia e não quis nem mesmo assistir aos vídeos da coletiva da oposição, mais cedo.
Autorizado por Moraes a visitar o ex-presidente, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil, esteve na residência ao longo da tarde.
— Não vou dizer que ele não estava triste, mas é uma pessoa que ainda acredita muito no nosso país, em Deus. Espero que a gente possa superar o mais rapidamente possível essa situação — disse o senador, ao deixar o local.
Sem estar afetada pelas medidas cautelares impostas ao marido, Michelle Bolsonaro recebeu ligações de aliados, que prestaram solidariedade diante da nova fase da crise jurídica enfrentada por Bolsonaro.
Apesar da movimentação de aliados e advogados ao longo do dia e o desânimo, o ex-presidente manteve a televisão ligada em jogos de futebol — um hábito antigo e refúgio frequente em momentos de pressão.
A rotina agora se adapta às restrições impostas pela Justiça: ele está com tornozeleira eletrônica e tem as comunicações e visitas controladas por ordem judicial.
O encontro com Ciro Nogueira teve tom emocional. Bolsonaro ficou feliz em rever um aliado próximo. Outras visitas devem ocorrer nos próximos dias: o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, já solicitaram ao STF autorização para encontrá-lo.
Nos bastidores, aliados se mobilizam para garantir que Bolsonaro não fique isolado e devem se revezar nos próximos dias em uma tentativa de fazer companhia. Na parte política, tentam conter o desgaste de sua imagem. No Congresso, parlamentares bolsonaristas promoveram um ato de obstrução nos plenários, como forma de protesto contra a prisão. As duas Casas não votaram projetos.