Vendas no varejo têm terceiro mês seguido de queda, com aperto no crédito e inflação ainda alta
Indicador recuou 0,1% em junho, mas cresce 2,17 em 12 meses. Hiper e supermercados puxa retração
As vendas no varejo recuaram 0,1% em junho, terceiro mês seguido de queda, refletindo o aperto no crédito e os preços dos alimentos ainda elevados, embora em desaceleração. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira. No ano, o comércio continua no azul, com, avanço de 1,8%. Em 12 meses, a expansão é de 2,7%.
O segmento de hipermercados, supermercados e produtos alimentícios foi o que mais contribui para a queda, devido a seu peso no indicador. Houve recuo de 0,5%. É um segmento muito impactado pela inflação.
Embora o ritmo de crescimentos dos preços esteja perdendo fôlego, o IPCA em junho fechou em 5,35% em 12 meses, acima da meta e impactando o bolso dos brasileiros. Os dados de inflação de julho, divulgados ontem pelo IBGE, mostram que o índice continua desacelerado, o que pode ajudar o comércio a se recuperar.
Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), diz que a base forte de comparação também explica a variação nas vendas do varejo, que o IBGE classifica como estabilidade.
“Um dos fatores para a queda combinada dos últimos três meses é a base alta de comparação. Outros fatores que também influenciam são a retração do crédito e a resiliência da inflação no primeiro semestre em itens-chave, como a alimentação no domicílio”, explica.
Houve variações negativas no volume de vendas em cinco das oito atividades do comércio varejista investigadas:
Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,7%);
Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,5%);
Móveis e eletrodomésticos (-1,2%);
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,9%);
Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5%).