ECONOMIA

Haddad diz que Brasil está sendo "sancionado por ser mais democrático que seu agressor", em tarifaço

Principal ação é uma linha de crédito de até R$ 30 bilhões para empresas que comprovarem perdas com a taxação americana, com juros subsidiados

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta quarta-feira, durante anúncio do plano de socorro para as empresas afetadas pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos, que o Brasil está sendo sancionado por ser mais "democrático" que o "agressor".

— Estamos em uma situação muito inusitada, porque o Brasil é um país que está sendo sancionado por ser mais democrático do que seu agressor. É uma situação inédita e incomum no mundo — afirmou. — Vamos enfrentar como já enfrentamos muitas situações difíceis e vamos superar essa situação que vem de fora para dentro, mas infelizmente com o apoio de setores radicalizados da sociedade

O pacote estabelece uma série de instrumentos para auxiliar os exportadores afetados, de linhas de crédito subsidiado a compras governamentais, que poderão ser utilizados conforme as diretrizes da medida provisória (MP) enviada ao Congresso Nacional.

— Procuramos fazer uma combinação. O setor exportador é o mais beneficiado pela Reforma Tributária. Ela entra em vigor no plano federal em 2027. Muitas das medidas anunciadas aqui terão fôlego até 2027 — disse.

A sobretaxa de 50% está em vigor desde 6 de agosto e atinge cerca de 55% da pauta exportadora brasileira para o país liderado por Donald Trump, como os setores de café, carnes, têxteis, açúcar e pescados. Ficaram de fora os embarques de suco de laranja, da indústria de aviões e de petróleo, por exemplo.

A principal medida de socorro é uma linha de crédito de até R$ 30 bilhões para empresas que comprovarem perdas com a taxação americana, sobretudo pequenos e médios negócios. Os juros serão subsidiados.

Em troca, os beneficiados terão de se comprometer a preservar empregos, mas haverá exceções para as empresas mais prejudicadas, com a exigência de outras contrapartidas. A estimativa do governo é que cerca de 10 mil empregos serão afetados pelo tarifaço.

Como adiantou o ministro da Fazenda, a MP ainda inclui mudanças estruturais no Fundo de Garantia à Exportação (FGE) para aprimorar os instrumentos de acesso ao comércio exterior pelas empresas brasileiras, sobretudo as pequenas e médias. Segundo Haddad, a mudança tende a auxiliar os setores que precisarão buscar alternativas ao mercado americano.

— O FGE passa a contar com recursos liberados para financiar a custo baixo os setores afetados pelo tarifaço, mas não só. O FGE passa a operar com todo o setor exportador do Brasil — afirmou.

Além do crédito, ele disse que outra perna no socorro é o seguro.

— Sem seguro, não consegue manter as exportações. Esse é um setor debilitado do nosso sistema voltado pra exportação. Teremos agora um sistema de seguro e de crédito, que vão inclusive contar com fundos garantidores, para que o pequeno possa contratar crédito e seguro — disse.